segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Jornal: fiscais afirmam que houve uso político do Ibama


De acordo com uma matéria publicada nesta segunda-feira (25) pelo jornal Folha de S. Paulo, fiscais do Ibama revelaram à Procuradoria da República em São Paulo a existência de uma suposta pressão política por parte da superintendente do órgão no Estado, Analice de Novais Pereira, filiada ao PT de Osasco desde 1981 e irmã de Silvio Pereira, que já foi secretário-geral do partido e esteve envolvido no caso do mensalão, em 2005. As supostas pressões políticas exercidas por Analice livravam empresas de multas e embargos aplicados pela fiscalização do instituto.

Em entrevista ao jornal, o ex-chefe da fiscalização em São Paulo, Antonio Paulo de Paiva Ganme, revelou que às vésperas da inauguração do trecho sul do Rodoanel, obra do ex-governador e candidato à presidência pelo PSDB, José Serra, seus superiores pediram uma fiscalização de emergência no local para, possivelmente, "melar" a inauguração do trecho.

"Foi feita a vistoria, foram constatadas as irregularidades, eu determinei, como é óbvio, que se autuasse tanto a Dersa, que é a responsável pelo licenciamento, quanto as empreiteiras envolvidas. Sei que tinha a Mendes Júnior, essas grandes empreiteiras. Quando o superintendente (substituto) ficou sabendo disso, ele falou à equipe: 'não, não há necessidade de se autuar as empreiteiras'. O pessoal falou: 'não, lógico que há, foi quem efetivou o crime ambiental'. Veio uma contra-ordem: 'não, deixa pra lá'", disse Ganme ao jornal, concluindo, em seguida: "a maneira como houve esse assédio moral, para que fossem correndo e a maneira como depois, 'ah, não é mais para autuar as empreiteiras', ficou claríssimo que mais uma vez estava uso político".

O presidente do Ibama, Abelardo Bayma Azevedo, declarou à Folha de S. Paulo que não há "uso político" do órgão. Azevedo afirmou que as acusações dos fiscais em São Paulo "estão sendo apuradas por Brasília" e o resultado da sindicândia deve sair "nos próximos dias". Ele ressaltou que, caso as denúncias não sejam comprovadas, os denunciantes poderão ser responsabilizados.

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