O Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), divulgou
nesta terça-feira a descoberta de um exoplaneta no sistema estelar de
Alfa Centauri, o mais próximo da Terra. O planeta tem massa similar à da
Terra, mas está muito próximo de suas estrelas, mais do que Mercúrio
está do Sol. O sistema é composto por três estrelas - Alfa Centauri A e
B, que orbitam uma à outra e estão próximas, e uma mais distante, Alfa
Centauri C, ou Próxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol. A
distância da Terra até esse sistema é de aproximadamente 4,3 anos-luz.
"As nossas observações, que se estendem ao longo de mais de quatro anos,
obtidas com o instrumento Harps, revelaram um sinal, minúsculo, mas
real, de um planeta que orbita Alfa Centauri B a cada 3,2 dias", diz
Xavier Dumusque, do Observatório de Genebra e da Universidade do Porto,
autor principal do artigo científico que descreve estes resultados. "É
uma descoberta extraordinária, a qual levou a nossa técnica ao limite".
Desde o século XIX se especula a possibilidade da existência de um
planeta nesse sistema. Mas ele só foi descoberto com a detecção de
pequenos desvios no movimento de Alfa Centauri B. A atração
gravitacional do planeta faz com que a estrela se desloque para a frente
e para trás a não mais que 1,8 km/h. Segundo o ESO, é a precisão mais
elevada já conseguida com este método de detecção de exoplanetas.
"Este é o primeiro planeta com massa semelhante à Terra encontrado em
torno de uma estrela como o Sol.
A sua órbita encontra-se muito próxima
da estrela e por isso o planeta deve ser demasiado quente para poder ter
vida tal como a conhecemos," acrescenta Stéphane Udry, do Observatório
de Genebra, um dos coautores do artigo e membro da equipe. "No entanto,
este pode muito bem ser um planeta num sistema de vários. Tanto os
nossos outros resultados Harps, como as novas descobertas do Kepler
(telescópio que também se dedica à busca de exoplanetas), mostram que a
maioria dos planetas de pequena massa são encontrados em tais sistemas."
"Este resultado representa um enorme passo em frente na detecção de um
gêmeo da Terra, na vizinhança imediata do Sol. Estamos vivendo uma época
excitante", conclui Xavier Dumusque.
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