Indignação e revolta são palavras que resumem o sentimento de duas das principais entidades de classes do país, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em relação às declarações do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (LOC), Ricardo Teixeira. O dirigente desqualificou as denúncias existentes contra ele e confessou perseguir órgãos de imprensa, em entrevista à revista Piauí deste mês.
– Só posso dizer que é lamentável que o dirigente maior de uma entidade como a CBF tenha esse tipo de postura de desrespeito, descaso e desprezo à Lei. Isso efetivamente reflete aquilo que a sociedade, de um modo geral, diz: que as pessoas não temem à Justiça. Os ricos não temem à Justiça. Isso é um dano. Mas a Justiça, cedo ou tarde, se fará presente – considerou o presidente da OAB, Ophir Cavalcante.
Nas declarações que fez à revista, Teixeira usa e abusa das expressões de baixo calão para se referir às denúncias de que é alvo na Justiça: “caguei de montão” para todas.
– Temos de repudiar essa postura, que não está diante de uma pessoa que ocupa o cargo dele. Ninguém pode deixar de ser investigado, nem o Presidente da República, imagine ele – ressaltou o presidente da OAB.
Os comentários de Teixeira feitos contra veículos de imprensa também provocaram reações. O dirigente disse que sua vingança contra alguns, como o LANCE!, será a de não fornecer credenciais para a cobertura da Copa 2014.
– A Associação Brasileira de Imprensa condena comportamentos como esse anunciado pelo presidente da CBF à revista “Piauí”, porque o acesso à informação deve ser aberto a todos os jornalistas e veículos, sem discriminações nem preferências de qualquer espécie. Os veículos não podem ser classificados como amigos ou inimigos dos dirigentes da CBF e dos organismos responsáveis pela organização da Copa do Mundo de 2014, pois todos estão a serviço da sociedade – escreveu, em nota o presidente da ABI, Maurício Azêdo.
Em nota, Globo se defende
Na entrevista à "Piauí", em pelo menos duas oportunidades Teixeira deu a entender que exerce influência na linha editorial da TV Globo. Na primeira, um dirigente da Match, empresa dona dos direitos de ingressos e hospitalidade da Copa, perguntou ao dirigente se, ao ser entrevistado pela emissora, teria de responder sobre os altos preços de hotéis e restaurantes no Brasil.
– Não vai ter isso, não: está tudo sob controle – respondeu Teixeira.
Em nota, a Central Globo de Comunicação afirmou que não comentaria a entrevista do cartola à "Piauí" por "desconhecer as circunstâncias em que foi feita (a emissora sequer foi ouvida na sua realização)." Porém, na contramão das declarações de Teixeira, garantiu que seu jornalismo "é absolutamente independente e não existe quem possa influenciar a sua linha editorial, baseada sempre em critérios de correção e isenção."
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