domingo, 13 de novembro de 2011

Não existe mais esquerda, direita ou centro, diz Mujica no Brasil


Durante sua passagem pelo Brasil, o presidente uruguaio, José Mujica, ex-guerrilheiro que lutou contra a ditadura em seu país, deixou de lado o radicalismo esquerdista e proferiu um discurso moderado, se comparado com o de outros líderes mais vermelhos como Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela). "Já não existem mais essas coisas de esquerda, direita ou de centro. O que existe hoje é ser ou não ser. O que queremos ser neste mundo, e isso não equivale ao romantismo de crer que somos perfeitos ou que não temos contradições", disse em visita ao Rio Grande do Sul nesta semana.

Mujica veio ao Brasil em um momento de crise financeira mundial no qual países desenvolvidos exigem a regulação financeira do mercado uruguaio considerado um paraíso fiscal. Em sua visita, Mujica veio acompanhado de uma comitiva de empresários em busca de oportunidades de negócios entre ambos os países.

Apesar dos objetivos mercantilistas no Brasil, as palavras do aclamado líder uruguaio ainda seguem recheadas de referências esquerdistas, mas agora, surgem acompanhadas de reflexões sobre o passado. "Antes queríamos mudar o mundo, agora, mais velhos, queremos deixar que um grupo nos supere com vantagem. Porque fomos tão tolos. Que (nossos netos) cometam seus erros em seu tempo, mas não os nossos, porque no final das contas, se aprende mais com a dor do que com a bonança".

Sua veia centro-esquerdista vem à tona mesmo quando fala sobre o mercado, apesar de ponderar que não espera que os empresários se tornem socialistas. "Não podemos esperar que o mercado arrume tudo. Temos que conduzir, em parte, o mercado. No Uruguai temos zonas reprimidas e temos que dar privilégios muito superiores ao que estamos dando a Montevidéu. Creio que a coisa caminha por ai".

Em suas exposições, ele não atacou o imperialismo norte-americano como culpado pelas mazelas da América Latina, mas coloca sobre o Brasil e Argentina a responsabilidade "histórica" de liderar a integração dos países sul-americanos para que o bloco tenha força para responder a agressões contra a democracia, como as ditaduras vividas em décadas passadas.

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