Paulo Angioni trabalha em uma sala com menos de 20m² no Fazendão. O ambiente é “clean”: nenhuma decoração, nada de quadros ou plantas. São só duas mesas: uma com computador, telefone, fotos, papéis, gavetas e outra mesa circular para reuniões.
Sem alarde, desde abril de 2010, gerencia grande parte do maior orçamento da história do Bahia. Em dois anos, passou por Série B, Série A, estadual e Sul-Americana: contratou 84 jogadores, média de um a cada 11 dias.
“Muitos, muitos, com certeza muitos, exatamente por causa deste detalhe da mudança de qualificação de competição. Quer queira ou não, o mercado te mostra isso. A Série B é um tipo de competição; a Série A é outro. E nesse processo o Bahia se transformava”, avalia-se o gestor.
Entre os 84 contratados, 33 cumpriram ou renovaram o contrato, 34 foram dispensados por deficiência técnica e 17 chegaram este ano - estão em “observação”. Dos técnicos, só Márcio Araújo cumpriu contrato - Joel Santana saiu após proposta do Flamengo.
Reservado
Angioni é reservado. Negou entrevistas nas melhores fases do trabalho: o acesso à elite, em 2010, e o título Baiano, quando quebrou jejum de 11 anos do clube. É mais fácil ouvi-lo na crise.
“Não sou o homem das vitórias. Sou das dificuldades. Nas vitórias, procuro me manter discreto. Eu respeito muito o marketing que existe hoje e é uma ferramenta muito importante para a instituição e para o pessoal, mas não sou muito chegado”, fala o ex-diretor da Parmalat na época de parcerias com o Palmeiras e o Juventude, no fim da década de 1990, e da MSI, do Corinthians campeão brasileiro de 2005.
No Bahia, orçamento mais modesto que nos paulistas, porém enorme responsabilidade. Em 2010, os “custos da atividade futebol” foram de
R$ 21.397.131, segundo documento, sem qualquer assinatura, publicado no site da FBF - as despesas totais foram de R$ 29.338.896. Este ano, a divulgação do balanço financeiro está atrasada há quatro meses, pois o estatuto determina 30 de abril como limite.
“Ano passado, foram cerca de R$ 30 milhões, igual a 2010. Em 2012, a previsão é bater R$ 50 milhões sem a venda de jogador”, calcula o vice de finanças Thiago Cintra. “O contrato que deu uma alavancada legal foi o de transmissão da Rede Globo, que vale a partir de 2012. Essa receita do pulo do gato é de agora”, explica. O balanço financeiro seria publicado em assembleia geral, quando o clube planejaria atualizar o estatuto. Mas briga judicial entre diretoria e sócios emperraria a convocação.
Equipe
A estrutura administrativa do departamento de futebol é enxuta: cerca de 15 pessoas estão diretamente ligadas ao gestor, formado em Sociologia, mas no mercado da bola desde 1980. O gerente André Araújo é a única indicação pessoal. Supervisor, coordenador e outros profissionais já estavam no Bahia.
“Encontrei pessoas muito qualificadas que precisavam ser estimuladas. As pessoas aqui precisavam de mais apoio e estímulo para desenvolver um trabalho bom, com mais eficácia. São pessoas com capacitação e bom trabalho”, afirma, citando os nomes do analista de desempenho Bruno Brizeno, do auxiliar técnico Eduardo Barroca e do preparador físico Luiz Napoleão. Informações do Correio da Bahia/Marcelo Sant’Ana
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