quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Implacável no caso do mensalão, Barbosa vira ministro pop

Ele está na televisão, ao vivo, três vezes por semana nos canais a cabo e quase todos os dias nos jornais e telejornais. Ganhou aplausos em restaurantes de Brasília; deu autógrafos nas ruas do Rio. Sua postura implacável no julgamento do mensalão e sua capa preta garantiram ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, muito mais do que 15 minutos de fama. 

E, agora, o severo magistrado vai ganhar um diploma de popularidade: tradicional fábrica carioca de máscaras de Carnaval está lançando sua versão com a cara do ministro do Supremo, com a certeza que será um sucesso durante a folia. 

Desde o começo do julgamento, o mineiro Joaquim Barbosa, que completa 58 anos no dia do primeiro turno das eleições municipais, está no centro das atenções no Supremo Tribunal Federal. Primeiro negro a ocupar uma cadeira no STF, indicado pelo então presidente Lula, em 2003, Barbosa fez sua carreira no Ministério Público e, ao julgar o mensalão, tem sido o mais implacável. Foi o único ministro até agora a condenar todos os réus acusados pela Procuradoria - inclusive Ayanna Tenório, ex-diretora do Banco Rural, e Geiza Dias, ex-funcionária de Marcos Valério, ambas absolvidas pela maioria. 

O tom grave e severo, os movimentos com a toga preta dos ministros e a leitura de pé do voto (devido a um problema na coluna) fazem parte da performance de Joaquim Barbosa, bem como seus embates com o revisor, Ricardo Lewandowski. 

Mas o ministro é veterano de disputas em plenário. Já acusou o ministro Marco Aurélio de fraude na distribuição de processos. Chamou o agora aposentado Eros Grau de gagá. Teve uma briga feia com Gilmar Mendes, em 2010, quando o colega presidia o STF. “Vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário”, atacou Barbosa após uma discussão sobre um processo. 

Com esse temperamento destemido, até mesmo para enfrentar seus colegas da suprema corte brasileira, Joaquim Barbosa está sob os holofotes ao julgar políticos e banqueiros no processo mais badalado da história do STF. E não deixará o centro do palco, mesmo após o fim do julgamento: Joaquim Barbosa será, em novembro, o novo presidente do Supremo.

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