Ele está na televisão, ao vivo, três vezes por
semana nos canais a cabo e quase todos os dias nos jornais e
telejornais. Ganhou aplausos em restaurantes de Brasília; deu autógrafos
nas ruas do Rio. Sua postura implacável no julgamento do mensalão e sua
capa preta garantiram ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo,
muito mais do que 15 minutos de fama.
E, agora, o severo magistrado vai ganhar um diploma
de popularidade: tradicional fábrica carioca de máscaras de Carnaval
está lançando sua versão com a cara do ministro do Supremo, com a
certeza que será um sucesso durante a folia.
Desde o começo do julgamento, o mineiro Joaquim
Barbosa, que completa 58 anos no dia do primeiro turno das eleições
municipais, está no centro das atenções no Supremo Tribunal Federal.
Primeiro negro a ocupar uma cadeira no STF, indicado pelo então
presidente Lula, em 2003, Barbosa fez sua carreira no Ministério Público
e, ao julgar o mensalão, tem sido o mais implacável. Foi o único
ministro até agora a condenar todos os réus acusados pela Procuradoria -
inclusive Ayanna Tenório, ex-diretora do Banco Rural, e Geiza Dias,
ex-funcionária de Marcos Valério, ambas absolvidas pela maioria.
O tom grave e severo, os movimentos com a toga preta
dos ministros e a leitura de pé do voto (devido a um problema na
coluna) fazem parte da performance de Joaquim Barbosa, bem como seus
embates com o revisor, Ricardo Lewandowski.
Mas o ministro é veterano de disputas em plenário.
Já acusou o ministro Marco Aurélio de fraude na distribuição de
processos. Chamou o agora aposentado Eros Grau de gagá. Teve uma briga
feia com Gilmar Mendes, em 2010, quando o colega presidia o STF. “Vossa
excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário”,
atacou Barbosa após uma discussão sobre um processo.
Com esse temperamento destemido, até mesmo para
enfrentar seus colegas da suprema corte brasileira, Joaquim Barbosa está
sob os holofotes ao julgar políticos e banqueiros no processo mais
badalado da história do STF. E não deixará o centro do palco, mesmo após
o fim do julgamento: Joaquim Barbosa será, em novembro, o novo
presidente do Supremo.
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