segunda-feira, 4 de julho de 2011
Cartórios chegam a faturar R$ 50 mil por mês na Bahia
O velhinho ranzinza Ebenezer Scrooge, personagem milionário do livro Um Conto de Natal, virou símbolo da avareza nas mãos do escritor inglês Charles Dickens, em 1843. Apesar de ser dono de uma fortuna, Scrooge vivia sem luxo. A história do unha de fome é muito parecida à dos 1.549 cartórios extrajudiciais da Bahia.
O serviço é ruim, o atendimento se arrasta, as paredes, cheias de infiltrações, escoram pilhas e mais pilhas de documentos. Mas, apesar da pindaíba disfarçada, como Scrooge, os cartórios baianos valem uma boa grana. Segundo levantamento realizado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud), as 174 unidades que mais faturaram em 2010 arrecadaram em média R$ 643.678 no ano - mais de R$ 53 mil por mês.
Segundo dados do Sistema de Informações Contábeis e Financeira (Sicof), da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, os cartórios levaram
R$ 142 milhões aos cofres do Tribunal de Justiça da Bahia em 2010. Se o valor for dividido igualmente pelos 1.549 postos do estado, cada um fatura R$ 91.672 por ano.
Esse é o cenário da briga entre oficiais e tabeliães, deputados estaduais, governo e Tribunal de Justiça (TJ), que discutem o modelo de privatização dos cartórios baianos. O Projeto de Lei 18.324/09, que trata do assunto, está previsto para ser votado amanhã na Assembleia Legislativa.
FUTURO
Apesar da promessa do TJ de manter os preços dos serviços após a privatização, em Pernambuco, por exemplo, onde o Judiciário não controla os cartórios, há unidades de protestos de títulos que faturam R$ 800 mil por mês.
Na trincheira da toga, o desejo é de que o serviço seja privatizado aos poucos. “Todas as despesas são garantidas pelas custas judiciárias. O TJ quer transição com parcimônia, para não nos arrependermos”, argumenta a presidente do tribunal, Telma Britto.
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