Na sabatina realizado pelo canal Record News, no último dia 13, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRB, Celso Russomanno,
foi indagado pelo jornalista Heródoto Barbeiro se ele era candidato da
igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e da Rede Record. Russomanno,
como já vinha enfatizando publicamente, respondeu: "Sou candidato de
todas as igrejas". Sobre a Record, afirmou: "não existe isso. Se sou,
não estou sabendo". Na prática, porém, o que pode ser percebido são
laços estreitos que unem a emissora, a igreja e o partido. Um número
significativo de lideranças do PRB, que participam do núcleo que
determina os caminhos da legenda, são ou foram pastores, bispos e dono
de afiliada da Record.
Segundo levantamento feito pelo Terra, por meio das
informações disponíveis no site do partido, pelo menos 66% das
lideranças do PRB têm ou já tiveram ligações com a igreja universal.
Quando é levado em conta o envolvimento com o grupo Record, o número
sobe para 73%, embora existam membros com ligação tanto na emissora
quanto na igreja.
O levantamento levou em consideração os 18 membros da executiva
nacional (55% deles têm ou tiveram participação na Universal e na
Record) e os 26 presidentes estaduais do partido (onde a relação é mais
abrangente: 85% dos membros já tiveram ou têm relação com a igreja, com a
emissora ou com ambas) - o presidente do PRB em Pará, pastor Raul
Batista de Souza, já foi contabilizado na lista da executiva, onde
acumula a função de suplente. O Terra não conseguiu informações
sobre sete dos membros da executiva nacional, por não terem,
aparentemente, vida pública. Eles não foram contabilizados na pesquisa.
Tal ligação é chamada pelo cientista político e professor da
Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Claudio Gonçalves Couto de
"empreendimento". "Igreja, Record e PRB fazem parte do mesmo
conglomerado, um empreendimento. E os laços são estreitos", opina. Couto
realizou o mesmo levantamento e divulgou os resultados em um artigo
publicado no jornal O Estado de S.Paulo no último dia 18.
O PRB afirma que não dispõe do número oficial de participantes
(ou ex-integrantes) das duas organizações na executiva nacional e nas
direções estaduais. O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, que já
foi vice-presidente da Record e é bispo licenciado da Universal,
rechaça qualquer vínculo entre o partido, a igreja e a emissora. Para
ele, a grande participação de bispos e pastores entre os dirigentes não é
motivo para ilações entre as três partes, muito menos para um conflito
ético: "Não há nenhum conflito. Se fosse um partido religioso, até
seria. Mas a gente não tem ligação com a Universal. Não discutimos
religião (no PRB), discutimos política", minimizou.

Nenhum comentário:
Postar um comentário