domingo, 13 de janeiro de 2013

Itamaraty: ao menos 980 brasileiros morreram no exterior em 2012

O Ministério das Relações Exteriores recebeu, em 2012, 980 atestados de óbitos de brasileiros que residiam no exterior e perderam a vida das mais diferentes formas. O número é reunido pelas embaixadas e consulados espalhados pelo mundo e pode ser inferior ao dado real, já que se um brasileiro morrer longe de sua terra natal e nada for comunicado, ele não entrará na estatística oficial. Conforme o ministério, foram gastos R$ 2,2 milhões no ano passado com casos de desaparecimento, entrada negada em outros países, detenção em aeroportos, auxílio a doentes e assistência humanitária a presos, entre outros. O embaixador Sérgio França Danese, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, ressaltou que o governo está impedido legalmente de trazer um corpo de volta para o País.

"Eu sei que é difícil falar para uma família num momento dramático, mas o custo de um traslado é muito elevado e esse dinheiro seria melhor utilizado na assistência a cidadãos vivos, que estejam precisando de algum tipo de apoio. Haveria uma grande dificuldade de fazer uma previsão legal para isso (traslado) no exterior, já que não existe essa previsão entre os Estados brasileiros", afirmou ele. Danese explicou que o consulado, logo que comunicado da morte, trabalha para encontrar uma empresa para o sepultamento ou cremação e ajuda a providenciar documentação, podendo inclusive acompanhar a cerimônia de sepultamento.

"O importante é que a família contate o consulado mais próximo o quanto antes, para que a notícia seja confirmada e os procedimentos adotados", disse. Para cuidar desses casos e situações críticas - como os terremotos no Haiti (2010), Chile (2010), Japão (2011) e a Primavera Árabe -, o Itamaraty criou, em 1995, o Núcleo de Assistência a Brasileiros (NAB), que é formado por uma equipe de funcionários treinada e disponível em regime de plantão permanente. Ao receber um pedido, o núcleo aciona os setores competentes e intermedia contatos no Brasil com familiares que se encontram em dificuldades no exterior.

Foi assim no caso de uma estudante paulistana de 16 anos, impedida de entrar nos Estados Unidos, onde pretendia passar as férias. A menina está detida em um abrigo para adolescentes em Miami, na Flórida, desde 27 de novembro, e recebeu a visita de diplomatas brasileiros nesta semana, que avaliaram as suas condições e relataram detalhes à família dela, que vive no bairro Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo.

O NAB também atuou após a morte de Roberto Laudisio Curti na Austrália, em março de 2012. Ele recebeu ao menos cinco disparos de armas de choque (taser) aplicadas diretamente sobre seu corpo pela polícia em Sydney, por suspeita de ter furtado uma loja. A família Laudisio tem acompanhado os depoimentos na Corte do país, juntamente com representantes do Consulado-Geral do Brasil em Sydney.

Em outro caso recente, o ministério ajudou a família da modelo cearense Camila Bezerra, 22 anos, encontrada morta em Guangzhou, no sudeste da China, em 1º de janeiro de 2013. Ela foi achada na área de lazer de um condomínio onde morava e, segundo a polícia chinesa, teria caído da janela do banheiro do apartamento onde morava.

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