Dos 142 postos da Guarda Municipal de Salvador (GM),
64 já foram desativados por falta de segurança para os próprios
agentes. De acordo com o comando da tropa, a insegurança é gerada pela
ação de bandidos que não se intimidam diante dos guardas. A saída
gradual dos agentes dos pontos onde deveriam atuar vem ocorrendo desde
2008, quando foi criada a GM.
“A partir do momento que é detectado algum tipo de
intimidação é retirado o guarda municipal, já que ele vira um alvo
fácil”, justifica o tenente-coronel Peterson Tanan Portinho, titular da
Superintendência de Segurança Urbana e Prevenção à Violência (Susprev),
responsável pela GM.
Atualmente, os guardas utilizam apenas armas não
letais: teaser (arma de choque), cassetete e spray de pimenta. A
previsão da Susprev é que, a partir deste mês, 75 guardas estejam aptos a
manusear armas de fogo, depois de passar por treinamento junto à
Polícia Militar e à Secretaria Nacional da Segurança Pública (Senasp).
Do Porto Hidroviário de Plataforma, de onde saem
embarcações para a Ribeira, uma equipe da GM foi expulsa a tiros,
segundo Portinho, em abril de 2011. Em novembro de 2010 já havia tido
uma outra ocorrência no mesmo local, envolvendo, segundo a Susprev,
agressões e lesões corporais cometidas contra guardas.
As ruínas de uma antiga fábrica de tecidos, a 100
metros do porto, servem como ponto de venda de drogas. Quando vem a
noite, quem aguarda a travessia fica sem proteção. “Normalmente, desço
aqui às 17h. Mas, outro dia, me atrasei do trabalho e cheguei às 18h e
tinham três pessoas usando droga. Não tive coragem de seguir sozinha”,
conta a vendedora Maria Margarida de Assis, 41. “Há dois anos que aqui
não tem um guarda. A polícia passa raramente. Assaltos têm toda hora”,
completa Angelina dos Santos, vizinha de Margarida.
Às 16h, os funcionários da Unidade de Saúde da
Família (USF) de Alto de Coutos II, localizado na Rua Golan, no Parque
Setúbal, já estão deixando o local apressados. “Aqui não tem guarda
municipal há muito tempo. O posto era para funcionar às 17h, mas não tem
como. Atrás do prédio vira uma boca de fumo”, disse uma atendente quase
sussurrando.
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