sexta-feira, 20 de junho de 2014

Sequência de falhas causou as três mortes na obra da Embasa, diz STRE

O acidente de trabalho que resultou na morte de dois operários e de um homem que tentou resgatá-los na manhã da última quarta-feira (18) foi causado por uma sequência de falhas em normas de saúde e segurança do trabalho.
Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (20), na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA), o auditor fiscal do  trabalho responsável pela verificação do caso, Anilton Cerqueira, apresentou as conclusões preliminares da investigação. Falhas no treinamento, na sinalização e no isolamento da área já foram identificadas com as informações coletadas no local da tragédia. A análise das causas do acidente poderá se entender por até 60 dias.
Dentre as conclusões preliminares, estão a falta de monitoramento do ar no poço de visita onde ocorreu o acidente, falta ou insuficiência de treinamento para atuar nesses locais e em situações de risco, ausência de equipamentos de respiração para facilitar o acesso em segurança ao poço, falta de sinalização e de isolamento da área, além da ausência de um funcionário para atuar como vigia enquanto outros desciam ao poço.
O Consórcio Passarelli MRM Salvador, responsável pelo serviço, contratado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), foi notificado a apresentar documentos e teve todas as obras em áreas confinadas -  onde pode haver contaminação do ar - interditadas pela SRTE até que comprove a adoção das normas de segurança.
Por causa das irregularidades já encontradas na inspeção realizada após o acidente, o consórcio foi multado pela SRTE por descumprimento das Normas de Reguladoras 18 (construção civil) e 33 (trabalho em ambientes confinados), mas ainda pode recorrer da penalidade.
 
Segundo apurou o auditor, morreram no acidente os operários Antônio Pereira da Silva e José Ivan Silva, funcionários do Consórcio Passareli MRM Salvador, e Gilmário da Conceição Barbosa, que passava pelo local e tentou ajudar no resgate dos dois primeiros. Outras três pessoas também saíram feridas: os operários Vaílson Rosa da Silva e Paulo Gonzaga, além de Marcelo dos Anjos Maciel, que chegou a desmaiar dentro do poço de visita ao tentar resgatar os dois operários mortos, mas foi retirado. Após sua saída, Gilmário teria tentando retirá-los e acabou morrendo no local.
Em nota divulgada no dia do acidente a Embasa esclareceu que a causa da contaminação na rede de esgoto seria um gás. Ainda segundo a estatal, o consórcio responsável pela execução da obra estaria investigando a origem do contaminante, uma vez que a rede de esgoto ainda não está em funcionamento. O equipamento é uma caixa de concreto armado implantada a três metros de profundidade. Segundo o consórcio, o serviço estava finalizado há três meses e, na manhã do último dia 18, os técnicos teriam ido realizar uma vistoria no local.
O envio do relatório final da SRTE sobre o caso também poderá servir de base para ações das famílias das vítimas por danos morais individuais e pela União, através do ressarcimento de despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

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