sexta-feira, 21 de setembro de 2012

'Será sempre uma incógnita', diz professora baleada por aluno

Após um ano da tragédia envolvendo o estudante Davi Mota Nogueira, a professora que estava na sala de aula e acabou baleada por ele disse não ter ideia do motivo para o garoto de 10 anos atirar e depois se matar. "Será sempre uma incógnita para o resto da vida. A única pessoa que poderia explicar não está mais aqui", disse Rosileide de Oliveira, 39 anos, que recém voltou ao trabalho.

Rosileide ficou uma semana internada. Depois passou o resto de 2011 e o primeiro semestre deste ano em tratamento. Só voltou a pisar numa escola no mês passado. "O joelho não dobrava, então tive que fazer muita fisioterapia. Tinha fisio todos os dias, além de consultas com psicólogos. Hoje, quando preciso correr ou subir escadas o joelho ainda dói", afirmou. A professora fraturou o joelho na queda após ser baleada na região lombar pelo aluno.

A professora, porém, preferiu mudar e agora trabalha na biblioteca da Escola Municipal Bartolomeu Bueno da Silva, a 3,5 km do colégio onde foi baleada. "Pedi para trocar, pois para mim o impacto era muito grande voltar aonde tudo aconteceu. E também pedi para ficar na biblioteca por enquanto. Não estou podendo mexer muito o joelho, ai seria ruim ficar me movimentando dentro da sala. E também fiquei bastante tempo fora, é tudo muito estranho. Melhor ir aos poucos", disse Rosileide, que prefere esperar mais para voltar a dar aulas.

Mesmo em outro colégio, Rosileide diz esperar um dia voltar a entrar na escola onde foi baleada. "Não fui mais lá, mas estou criando coragem para voltar. Espero que com o trabalho psicológico eu consiga, vamos indo aos poucos", disse ela, sempre com uma voz tranquila.

De acordo com a professora, a maior dúvida da solução do caso está relacionada com a personalidade de Davi. "Ele era um menino muito tranquilo, tranquilo até demais. Nós nunca tivemos atrito. Ele não era um mau elemento dentro da classe." Davi tirava notas boas e, segundo a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, onde ele estudava, o serviço de orientação pedagógica nunca recebeu a visita do menino.

Nenhum comentário: