Após um ano da tragédia envolvendo o estudante Davi Mota Nogueira, a
professora que estava na sala de aula e acabou baleada por ele disse
não ter ideia do motivo para o garoto de 10 anos atirar e depois se
matar. "Será sempre uma incógnita para o resto da vida. A única pessoa
que poderia explicar não está mais aqui", disse Rosileide de Oliveira,
39 anos, que recém voltou ao trabalho.
Rosileide ficou uma semana internada. Depois passou o resto de 2011 e
o primeiro semestre deste ano em tratamento. Só voltou a pisar numa
escola no mês passado. "O joelho não dobrava, então tive que fazer muita
fisioterapia. Tinha fisio todos os dias, além de consultas com
psicólogos. Hoje, quando preciso correr ou subir escadas o joelho ainda
dói", afirmou. A professora fraturou o joelho na queda após ser baleada
na região lombar pelo aluno.
A professora, porém, preferiu mudar e agora trabalha na
biblioteca da Escola Municipal Bartolomeu Bueno da Silva, a 3,5 km do
colégio onde foi baleada. "Pedi para trocar, pois para mim o impacto era
muito grande voltar aonde tudo aconteceu. E também pedi para ficar na
biblioteca por enquanto. Não estou podendo mexer muito o joelho, ai
seria ruim ficar me movimentando dentro da sala. E também fiquei
bastante tempo fora, é tudo muito estranho. Melhor ir aos poucos", disse
Rosileide, que prefere esperar mais para voltar a dar aulas.
Mesmo em outro colégio, Rosileide diz esperar um dia voltar a
entrar na escola onde foi baleada. "Não fui mais lá, mas estou criando
coragem para voltar. Espero que com o trabalho psicológico eu consiga,
vamos indo aos poucos", disse ela, sempre com uma voz tranquila.
De acordo com a professora, a maior dúvida da solução do caso
está relacionada com a personalidade de Davi. "Ele era um menino muito
tranquilo, tranquilo até demais. Nós nunca tivemos atrito. Ele não era
um mau elemento dentro da classe." Davi tirava notas boas e, segundo a
coordenadora pedagógica da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, onde
ele estudava, o serviço de orientação pedagógica nunca recebeu a visita
do menino.

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