quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Documentos comprovariam decepção do PCC com novatos

Documentos encontrados com um ajudante geral preso na noite desta terça-feira, em Itaquaquecetuba, em São Paulo, indicariam que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria insatisfeita com a indisciplina de novos membros. Segundo o titular da 4ª Divisão de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas (Divecar), delegado Sérgio Alves, entre as cerca de 50 cartas manuscritas havia um "salve" (ordem) em que um "sintonia" (alto membro) ameaça a vida dos "padrinhos" dos novatos. "O salve diz que os novos estão comprometendo a eficiência dos objetivos do PCC. Eles estariam vacilando em cumprir a ordem de matar policiais", disse.

Cícero Júlio Machado Lopes, o Juninho, 36 anos, foi preso em flagrante ao apresentar a policiais uma certidão de nascimento com outro nome. Ele estava foragido desde a saída temporária de Dia das Mães e era procurado após condenação por tráfico de drogas. Juninho seria um "torre" (gerente do comércio de drogas). O delegado acredita que a partir da prisão do suspeito será possível chegar a mais membros do PCC. Além dos "salves", entre os documentos haveria um texto que relata o motivo do início da onda de violência em São Paulo.

"Eles estariam retaliando uma ação da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) que teria matado os colegas 'injustamente', especialmente a ação na favela da Tiquatira", declarou o policial. Nessa ação da Rota, no dia 29 de maio, três integrantes da tropa de elite foram presos após a morte de seis suspeitos de pertencerem à facção em um bar da favela, na região da Penha. No local estaria acontecendo uma reunião para traçar um plano de resgate de um preso que seria transferido. O Terra apurou no início deste mês que as mortes por homicídio deram um grande salto nas semanas após essa ação, e agora o documento mostraria que o acontecimento teria sido o estopim da hostilidade contra policiais militares. "O início de tudo seria isso mesmo", declarou o delegado.

Além dos crimes de roubo e tráfico, Juninho teria sido também responsável pela morte de um soldado em junho. O soldado teria se incomodado com o som de música funk vindo de um bar e, após ser descoberta sua função, executado. Juninho teria como área de atuação Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi, Suzano e Poá.

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