Um pouco descabelado, o que que ele garante não ter solução, tenta se 
mostrar uma figura próxima à de qualquer um ali sentado. Não quer ser o 
centro, não quer ser herói e não quer ser vítima. Com esse objetivo, faz
 pausas, respira e escolhe as palavras, não para defender seu ponto de 
vista, mas para mostrar que aquilo é a realidade. Mas assume que não 
superou a tragédia e que só o fará no dia em que passar dessa para uma 
melhor.
  Nos sonhos, ainda anda. Nos ideais, diz que só olha para o futuro e 
que discutir o passado é como discutir um namoro ou um casamento que já 
terminou. Dá voltas, reafirma tudo isso e ao dizer que pouco falou sobre
 um dos episódios mais marcantes de sua vida no mundo midiático - a 
expulsão do Rappa -, solta o verbo: "eles me mandaram embora em um 
momento em que eu estava com sequelas. Se fosse pelo direito 
trabalhista, isso já seria um crime. Foi crime. Se eu tivesse pensado 
nisso naquele momento... Seria um absurdo. Fora isso, as questões que 
eles alegam são questões fúteis, de uma pequenez humana quase que sem 
precedentes na história da cultura brasileira".
  Mas se não é para ser herói, nem vítima; se não é para levantar 
bandeira e nem atacar nada, e se o estopim para a gravação foi resolvido
 ainda nos primeiros meses de filmagem - a pesquisa por células-tronco e
 como isso melhoraria as condições de saúde no País -, para quê e por 
quê o filme? "Poderia ser sobre qualquer um que seria interessante, toda
 pessoa tem alguma poesia", ele diz.

 
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