A ex-chefe de gabinete da presidência da República em São Paulo 
Rosemary Nóvoa Noronha, exonerada do cargo do cargo na segunda-feira 
após ter seu nome envolvido em um escândalo de tráfico de influência - 
que originou a operação Porto Seguro, da Polícia Federal -, realizou ao 
menos 23 viagens internacionais durante o governo de Luiz Inácio Lula da
 Silva. Por esses deslocamentos, ela recebeu mais de R$ 49 mil, sem 
contar seu salário, que era de R$ 11 mil mensais.
 
Os dados estão disponíveis no Portal da Transparência da 
Presidência da República. No entanto, só estão disponíveis detalhes 
referentes aos três últimos anos. Rosemary trabalhava no escritório 
desde 2003, indicada por Lula, e foi mantida durante a gestão de Dilma 
Rousseff. Em 2008, 2009 e 2010, ela realizou ao menos 19 viagens 
internacionais com a Presidência, que incluem destinos como Moscou, 
Lisboa e Seul.
Em 2011 e 2012, Rosemary recebeu diárias apenas por deslocamentos
 dentro do território nacional, que lhe renderam R$ 628,38 em diárias 
pagas, bem menos que os R$ 12.292,06 que recebeu em 2008 pelas "Missões 
Oficiais do Presidente e Vice-Presidente da República ao Exterior", 
segundo especifica a página governamental, sem detalhar o local das sete
 viagens daquele ano.
Além de Rosemary, sua filha, Mirelle, uma assessora da Agência 
Nacional de Aviação Civil (Anac), também foi exonerada do cargo. Rose, 
como é chamada, está sendo investigada por envolvimento em uma 
organização criminosa infiltrada no governo para obtenção de pareceres 
técnicos fraudulentos.
Irregularidades também foram encontradas pela PF nas agências 
nacionais de Águas (ANA) e de Transportes Aquaviários (Antaq), na 
Advocacia-Geral da União (AGU), na Secretaria do Patrimônio da União 
(SPU), no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério da Educação 
(MEC). As investigações apontam que os acusados cometeram crimes de 
corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, 
falsificação de documento particular, violação de sigilo funcional e 
formação de quadrilha.
A oposição no Congresso está se movimentando para ouvir os indicados 
pela operação. O PSDB quer, inclusive, interrogar Lula pela sua ligação 
muito próxima com Rosemary. "Não acho que o grande problema seja o fato 
de Rosemary ter sido indicada por Lula. A chave é compreendermos porque 
ela, nos últimos meses, conversou por telefone mais de 100 vezes com um 
ex-presidente, alguém com quem não tinha mais vínculos profissionais. É 
por isso que Lula deve esclarecimentos à sociedade", disse o deputado 
federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).
A AGU, ANA e a Anac deverão prestar esclarecimento a 
parlamentares na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e 
Fiscalização (CMA) do Senado, que aprovou nesta terça-feira um pedido de
 comparecimento.
 

 
Nenhum comentário:
Postar um comentário