Notas fiscais obtidas pelo Terra
com exclusividade detalham ainda mais os laços entre a atual direção do
Bahia e o fundo investidor Calcio. Em nota oficial divulgada na última
sexta-feira, o presidente Marcelo Guimarães Filho afirma que o repasse
de 30% do valor de venda do meia Maranhão (ao Cruz Azul do México) foi
feito à empresa Bahia Soccer. A nota fiscal abaixo mostra, entretanto,
que a informação é falsa: a Calcio teve direito a R$ 427 mil da
negociação – equivalente a 20% do valor pago ao clube em 2011. O nome de
batismo de Maranhão, 22 anos, é Francinilson. Veja a divergência nas
duas imagens abaixo.
A empresa ainda foi beneficiada na
segunda maior transferência da administração de Marcelo Guimarães Filho,
a do volante Felipe (dos juniores para o empresário português Jorge
Mendes), fato comprovado também em nota fiscal. A Calcio recebeu mais R$
432 mil, referente a 20% do que foi pago pela venda de Felipe, 21 anos,
em 2012. As duas transferências valeram à Calcio mais de R$ 850 mil. A
empresa havia sido fundada em 15 de abril do ano anterior com um
investimento inicial declarado de R$ 10 mil. Veja o repasse também
abaixo.
Em entrevista ao Terra
na última semana, Marcelo Guimarães Filho declarou não ter certeza sobre
como a Calcio foi beneficiada com direitos econômicos dos dois
jogadores e falou apenas de forma geral. “Para ter um percentual de
jogadores na base do Bahia só se aportar recursos na base do clube ou se
levar o atleta”, disse. Questionado sobre Felipe, que havia sido levado
por outro empresário sem ligações com a Calcio, disse que precisava
verificar, mas não retornou à reportagem.
A Calcio teria recebido os direitos
econômicos de uma série de jogadores em troca do financiamento de
passagens aéreas para uma competição na Itália. É neste bolo que estava
Felipe, que ganhou destaque em torneios internacionais com a Seleção
Brasileira Sub-20 e hoje defende o Rio Ave, de Portugal. O meia
Maranhão, depois de dois anos no futebol mexicano, foi cedido por
empréstimo ao Atlético-PR há poucos dias.
Chama a atenção ainda a proximidade
entre os principais membros da Calcio e a direção do Bahia. André Silva
Garcia, delegado e proprietário do fundo investidor, e Manuela Tourinho
Cerqueira, advogada que presta consultoria jurídica, constam como
conselheiros do clube. Salvo dois jogadores da base do rival Vitória,
não há registros de relacionamento entre a Calcio e qualquer outra
equipe das primeiras divisões do futebol brasileiro. Citado no site da
empresa como parceiro, o Real Minas Futebol Clube não disputa torneios
de futebol da Federação Mineira. André Silva Garcia não tinha trabalhos
importantes no futebol até a criação da Calcio.
Superintendente das divisões de base do
Bahia, Newton Motta, é alvo de críticas de empresas rivais por
supostamente direcionar as principais promessas para a Calcio. Ele
também é conselheiro listado no site do Bahia. Ao Terra
na última semana, Marcelo Guimarães Filho declarou não ter ciência
sobre as denúncias de que os jogadores eram encaminhados à Calcio por
funcionários das divisões de base do próprio Bahia. “Acredito que não
tenha isso, mas se acontece precisamos de um trabalho diário para que
não aconteça”, avaliou. “Os empresários devem procurar fazer isso em
todos os clubes”, afirmou ainda.
Torcedores fazem abaixo-assinado por intervenção do Ministério Público
Inconformados com a situação, torcedores
formularam abaixo-assinado com o pedido de intervenção do Ministério
Público da Bahia na atual administração do clube. Eles pedem democracia e
transparência. A petição pública já supera mil assinaturas.
Para participar, clique AQUI.
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