segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Polêmicas colaboraram para a renúncia do papa, diz Dom Murilo Krieger

Os casos de pedofilia dentro da igreja, as polêmicas envolvendo outras religiões e as posições conservadoras sobre temas tabus como aborto e casamento entre gays marcaram os sete anos de pontificado do papa Bento XVI, 85 anos, que anunciou a renúncia nesta segunda-feira (11) pela manhã em função da idade avançada.

Para o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, esses fatores colaboraram para a decisão do pontífice de abandonar o posto mais alto da Igreja. “Não vou dizer que foi decisivo, mas acredito que isso colaborou. O cargo que ele ocupa é pesado e quanto mais problemas se enfrenta mais difícil fica sendo a missão. Tudo isso pode ter ajudado para a decisão. Esperar que um homem de 85 anos enfrente isso tudo com vigor é difícil”, disse  Krieger em entrevista ao Correio, por telefone, na manhã de hoje.

O alemão Joseph Ratzinger, que sucedeu o papa João Paulo II, já assumiu o posto de papa da Igreja tomando decisões polêmicas. Em 2005, Bento XVI impôs restrições a homossexuais se tornarem padres. No ano seguinte, em visita a Polônia, irritou judeus por não mencionar o antissemitismo cristão em seu discurso.

Em 2011, a Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (SNAP) acusou o  papa Bento XVI de abafar as denuncias de estupro e outras violências sexuais  praticado por padres. Em 2006, afirmou que o islã era violento e irracional, citando o imperador bizantino Manuel II Paleólogo. Dias depois, ele disse que foi mal compreendido.

A interpretação das frases do papa Bento XVI, segundo Dom Murilo, foram justamente o ponto mais sensível da sua gestão a frente da Igreja. “Ele pegou o mundo e a Igreja numa fase muito turbulenta. O mundo vive uma fase muito rápida. Algumas palavras dele foram mal interpretadas e, pela velocidade das informações no mundo, as correções não tiveram a mesma repercussão”, destaca.

"Essa decisão foi um ato de fé e honestidade do Papa Bento XVI, que deu um exemplo do reconhecimento das suas limitações", disse Dom Murilo.

Os dois se encontraram durante uma audiência pública no Vaticano, no dia 9 de janeiro, em que estiveram presentes bispos do mundo todo.

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