Escolhido por 56 dos 81 senadores da República, nesta sexta-feira,
Renan Calheiros (PMDB-AL) volta à presidência do Senado quase seis anos
depois de renunciar à cadeira por ter sido acusado de pagar a pensão
alimentícia à jornalista Mônica Veloso (com quem teve uma filha fora do
casamento) com dinheiro de um lobista de uma grande empreiteira. Hoje,
de volta ao comando da Casa, o senador ainda vê seu nome envolvido no
escândalo, já que a Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu, na
semana passada, a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) referente
ao caso, em que o acusa de ter apresentado notas frias para explicar a
origem dos recursos da pensão e de outras despesas (de cerca de R$ 45
mil). Se condenado pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro
público), falsidade ideológica e uso de documento falso – pelos quais
responde na Justiça – ele pode pegar até 23 anos de prisão.
A denúncia, entretanto, não impediu que o senador fosse escolhido pela
maioria para comandar a Mesa Diretora e o Congresso – posto até então do
ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) – pelos próximos dois anos. Apenas
18 parlamentares votaram em Pedro Taques (PDT-MT), candidato dos
"independentes", sendo que outros dois senadores anularam seus votos e
outros dois votaram em branco. A votação foi secreta.
O político tem evitado comentar as denúncias, mas em raras declarações
atribui a ação do Ministério Público Federal a interesses políticos de
prejudica-lo. Hoje, em seu discurso de vitória, ele afirmou que ter
compromisso com a "ética".
A escolha de Calheiros, contudo, certamente não deve encontrar apoio da
opinião pública. Na internet, um abaixo-assinado contra a indicação do
senador para a presidência da Casa reuniu mais de 300 mil assinaturas - o
que foi lembrado pelo adversário derrotado em seu discurso nesta
sexta-feira. Já na última quarta-feira, um grupo de manifestantes fincou
dezenas de vassouras verdes e amarelas no gramado em frente ao
Congresso, em protesto contra o retorno do peemedebista ao comando do
Senado. Os manifestantes queriam uma faxina simbólica na rampa do
Congresso, com água e sabão, mas foram impedidos pelos seguranças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário