Samuel Carvalho (nome fictício), 8 anos, violentado sexualmente pelo pai, ganhou nova perspectiva de vida ao participar do projeto ‘Arte é Vida’, idealizado e promovido pela Base Comunitária de Segurança (BCS) do Bairro da Paz, em Salvador. Ele e outras 59 crianças e adolescentes carentes - com idade entre 9 e 13 anos e histórico de problemas familiares - aprendem sobre arte contemporânea, tendo como base os princípios da disciplina militar, em aulas aplicadas nas salas da BCS.
Nesta segunda-feira (30), a garotada assistiu à palestra e oficina da artista plástica Thayane Matos, 25, que, a exemplo da plateia, teve uma infância difícil, em razão de sua família, residente em Feira de Santana, não dispor de boas condições financeiras. “Acabei de retornar de um intercâmbio no México e estou aqui para transmitir o que aprendi sobre arte postal, que surgiu na década de 60”.
Para o soldado PM Luiz Eduardo, idealizador do projeto e graduando em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), além da educação artística, o curso desconstrói o estereótipo de que o menino pobre da favela não consegue subir os degraus da vida e alcançar sucesso profissional e pessoal. “Outro ponto que tenho de ressaltar é a integração entre a população e a polícia. Reconquistamos nossa credibilidade”.
Etapas
O projeto ‘Arte é Vida’ é formatado em três fases. A inicial é a inserção das crianças e adolescentes nas artes mais conhecidas (pintura, música e dança). “Em seguida, passamos para o estágio de agente mirim, quando incentivamos os alunos a ajudar os vizinhos mais necessitados, tornando-os fiscais do que precisa melhorar no bairro onde moram”, explica Eduardo.
Finalizada a primeira etapa, a garotada chega ao posto de policial mirim. “Cada etapa tem duração de um ano e, no último momento, passamos noções de leis e regras” , esclareceu, observando que “nosso intuito é recrutar alguns desses meninos para serviços internos na BCS”.
Os soldados PM Saulo e Wallace e as pedagogas Monique Pinheiro e Célia Guimarães completam a equipe que coordena o projeto. Os Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba) apoiam a iniciativa, cedendo músicos para ministrar aulas.
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