segunda-feira, 2 de maio de 2011

Com uma morte violenta por dia, Feira de Santana assusta população

Ela queria dançar balé, ser modelo e não abria mão de ter um “sono de beleza” durante as manhãs. Durante 16 anos, a menina de sorriso largo e corpo esguio encheu de alegria o bairro Alto do Cruzeiro, em Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador. Era reconhecida de longe por sua energia cativante. Mas, em 31 de março, o sorriso da estudante Myrella Silva Costa foi interrompido por um tiro.

A menina, que sonhava figurar nas listas dos grandes balés do mundo, entrou para a relação de homicídios da segunda maior cidade da Bahia que, só nos primeiros 90 dias de 2011, registrou 91 homicídios.

A média foi de uma morte por causa violenta por dia na cidade de janeiro até abril, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública da Bahia e do Departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana.

A morte de Myrella, último homicídio de março, fechou o ciclo do mais violento mês do primeiro trimestre dos últimos três anos em Feira de Santana. A menina conversava com o primo, Felipe Santos Costa, 16 anos, na porta de casa quando um homem deflagrou mais de 20 disparos. Um total de 15 tiros atingiu Felipe, que conseguiu sobreviver, e apenas um tirou a vida de Myrela que caiu morta sobre a televisão de sua casa.



Tristeza
Avessos aos altos números de homicídios, a família da adolescente lamentou a perda precoce da menina. O pai da vítima, o soldador Jorge Santos Costa, guarda duas memórias antagônicas da sua filha caçula: a cápsula da bala que a matou e um bilhete da menina escrito por ela na noite anterior ao crime.

“Todo dia ela deixava um bilhete preso na minha marmita pedindo R$ 1,50 para lanchar na escola com um beijo para mim. Guardarei isso para sempre, mas infelizmente, tenho nas minhas mãos hoje a bala que matou minha filha”, diz o soldador.

Para a cabeleireira Gesdiene Vilar Ribeiro da Silva, mãe de Myrella, a morte da menina reflete a violência da cidade. “Eu estava no quarto descansando quando ouvi um monte de tiros. Nunca imaginei que fosse perder minha filha”. Informações do Correio da Bahia.

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