Dez anos e um dia depois do episódio mais triste de sua quase
centenária história, o Palmeiras é mais uma vez rebaixado à Série B do
Campeonato Brasileiro. O empate amargo por 1 a 1 cedido ao Flamengo aos
44min do segundo tempo em Volta Redonda, aliado à vitórias do Bahia
contra a Ponte Preta e o empate da Portuguesa com o Grêmio,
respectivamente, fazem com que seja impossível o time se safar nas duas
rodadas finais. Às 21h20, os palmeirenses tiveram a certeza do pior.
A desgraça palmeirense, no entanto, é anunciada há muito tempo, talvez
mascarada por um Brasileiro que começou em marcha lenta: ainda no fim do
primeiro semestre, o foco era a Copa do Brasil. O título veio, e com
ele a tão sonhada volta à Copa Libertadores da América. O deslumbramento
causado foi apontado por diversas pessoas ligadas ao clube como causa
do problema de rendimento.
O time que quebrou jejum de títulos nacionais batendo o Coritiba fora
de casa, neste domingo, completou a 28ª rodada entre 36 disputadas
ocupando a zona de rebaixamento. Deu indícios de que ia reagir quando
venceu o Náutico por 3 a 0 na 11ª rodada, ou quando fez 3 a 1 no ainda
ameaçado Sport, já em setembro, em sua 22ª partida no Campeonato
Brasileiro. Dias depois, o técnico ídolo Luiz Felipe Scolari foi
demitido.
A chegada de Gilson Kleina e as vitórias sobre Figueirense e Ponte
Preta deram ânimo aos torcedores, mas o time saiu do clássico contra o
São Paulo, com derrota por 3 a 0 no Morumbi, demolido mais uma vez, e
dali para frente o Palmeiras não conseguiu mais aliviar a crise. Os
clássicos, aliás, machucaram o torcedor alviverde: perdeu cinco,
incluindo os dois para o arquirrival Corinthians, e empatou dois, contra
Portuguesa e São Paulo.
Resta ainda um clássico: contra o Santos, na última rodada. A partida
poderia ser decisiva, mas o Palmeiras já entrará em campo rebaixado. Nos
jogos em que não poderia tropeçar, o time deixou o gramado devendo, o
principal deles contra o Coritiba, que na reta final se firmou como
principal rival contra a degola. Em Araraquara, com apoio da torcida,
acabou derrotado por 1 a 0.
Há dez anos, o Palmeiras foi rebaixado à Série B com o zagueiro
Alexandre como vilão e a gestão de Mustafá Contursi extremamente
criticada. Em 2012, poucos meses depois de um de seus maiores títulos,
não se sabe quem culpar: o presidente Arnaldo Tirone diz que é
responsável, mas exalta que não deixou de trabalhar. O time tem até um
destaque: Barcos, que prometeu 27 gols no ano e contribuiu ativamente,
inclusive nos momentos mais difíceis.
Jogadores foram ameaçados e, a cada momento agudo de crise, a faxada do
Palestra Itália apareceu pixada com mensagens negativas - na última
delas, a loja oficial foi alvo de incêndio. Não adiantou. Em diversos
momentos, o apoio das arquibancadas foi quase que incondicional. Também
não adiantou. Jogadores falharam, outros perderam gols e o goleiro Bruno
teve "azar" em lances com desvio. Nada foi capaz de mudar o destino do
Palmeiras.
Só há uma certeza no clube depois deste domingo: em 2013, além da Copa
Libertadores, o Palmeiras vai jogar a Série B do Campeonato Brasileiro.
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