sábado, 22 de fevereiro de 2014

"Estou morto socialmente", diz juiz que publicou fotos polêmicas na rede

O juiz federal substituto Marcelo Antonio Cesca vem causando polêmica desde o início desta semana, quando fotos em que aparece na praia com a namorada, publicadas no Facebook e no Instagram, chegaram à imprensa. Na legenda das imagens, o magistrado de 33 anos ironicamente "agradece" por estar há 2 anos e 3 meses sem trabalhar e recebendo salário mensal de R$ 23.997 integralmente. Ele atribui a responsabilidade pelo tempo de inatividade ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, por sua vez, solicitou explicações ao Tribunal Regional Federal 1, de Brasília, onde Cesca atuava.

"Eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral sem trabalhar, por ter 106 dias de férias mais 60 dias pra tirar a partir de 23/03/14, e por comemorar e bebemorar tudo isso numa quinta-feira à tarde do lado de minha amada gata de 19 anos!", escreveu em uma imagem publicada no último dia 13, que gerou reações diversas nas redes sociais.


Morto socialmente
Em entrevista ao Terra, o juiz garantiu que nunca teve a intenção de esbanjar a suposta “vida mansa” de uma tarde de quinta-feira na praia, ao contrário da interpretação de muitos. Ele quis, sim, reivindicar seus direitos. “Em nenhum momento foi um deboche ou ironia com o contribuinte que paga meu salário ou com o cidadão. É, sim, um protesto contra o CNJ, que teria de agir com celeridade de 60 dias no meu processo de retorno ao trabalho após meu tempo de licença por invalidez mental”.

Em novembro de 2011, Cesca foi afastado do cargo por conta de uma depressão que o teria levado a sofrer surtos psicóticos. “Mas era um caso de quatro ou cinco meses de licença. Em agosto de 2012 eu já deveria retornar ao trabalho. Eu havia sido liberado por diferentes corpos médicos. Mas, quase dois anos depois, estou eu aqui, querendo trabalhar num cenário em que faltam juízes", esbravejou.

Cesca prosseguiu. "Me sinto morto socialmente pelo CNJ, pelo TRF... Não tenho apoio nem da minha representação de classe, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)”.

Esse sentimento de inutilidade perante a sociedade é o que mais incomoda Cesca. Ele explica que, mesmo estando afastado, a profissão de juiz o impossibilita de exercer qualquer outro cargo. “O único posto que eu poderia ocupar é o de professor. Eu poderia ser professor universitário, como já fui, mas com que cara eu chegaria para meus alunos para defender a Justiça quando não posso sequer fazer o que amo e faço bem, que é julgar, pela arbitrariedade de um órgão”.

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