A diretoria da empresa Ympactus Comercial,
representante da TelexFree no Brasil, reagiu em vídeo divulgado nesta
sexta-feira (15) à nota da Secretaria de Acompanhamento Econômico do
Ministério da Fazenda que diz que os negócios da empresa se assemelham ao esquema de pirâmide financeira, que é ilegal no país.
O diretor de marketing da empresa, Carlos Costa, leu
a nota ponto a ponto explicando e negando que existam irregularidades
na ação da companhia. Em vídeo de pouco mais de 12 minutos, ele diz que a
Ympactus presta serviço para a TelexFree, explicando porque a empresa
não tem autorização para comércio no país: "A Ympactus só representa,
não faz comércio. Se buscarem no contrato, nem inscrição estadual tem,
já sabíamos disso. Ela presta serviço para a TelexFree no Brasil, ela
não faz comércio no Brasil". Ele negou o primeiro ponto, que diz que a
empresa incentiva a economia informal, garantindo que todo o ganho é
declarado ao Ministério da Fazenda e acontece formalmente.
Ele se irritou ao explicar o item 5 do documento
federal, que diz que a empresa opera com pagamento de comissões
excessivas e oferta de ganhos altos e rápidos. "Eu queria saber onde é
que tem isso, pelo amor de Deus. E se você souber que alguém está
divulgando isso dessa forma, denuncie para a TelexFree. Estamos cansados
de mandar emails, colocar informativos que nunca a empresa vai
concordar com esse tipo de abordagem (...) A pessoa pode ganhar um
dinheiro a mais na TelexFree? Pode! Desde que ela venda mais, venda mais
os nosso produtos", disse.
No encerramento, ele comenta a sugestão de que a
Telexfree age com esquema de pirâmide e diz que respeita o parecer do
órgão governamental, mas reafirmou que o dinheiro da empresa vem das
vendas, e não das pessoas que fazem a adesão, negando a pirâmide. "Toda a
nossa estrutura, toda a nossa compensação financeira, pelo amor de
Deus, entendam, vem das vendas dos nossos pacotes Voip. Seja na compra
por atacado ou na compra por varejo".
O Ministério da Fazenda estima que cerca de 1 milhão
de brasileiros já aderiram ao TelexFree. Por entender que é preciso
fazer um trabalho amplo de investigação após encontrar sinais de
irregularidades na empresa, o órgão encaminhou suas conclusões para a
Polícia Federal e para o Ministério Público Federal. Hoje, o MPF emitiu
nota dizendo que a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão (Consumidor e
Ordem Econômica) do órgão analisou o caso e decidiu que é de âmbito
estadual, por tratar-se de crime contra a economia popular, mas que será
acompanhado pelo MPF.
"Todavia, com relação à existência de indícios que
atraiam a atribuição do MPF, nota-se que a presença da CVM na
investigação do caso pode suscitar sua participação, pois há
competência da Comissão para averiguar caso possivelmente análogo
(contrato de investimento coletivo), que ofende interesse federal", diz
a nota, se referindo à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A empresa também é investigada no Acre e no Mato
Grosso, onde o Ministério Público Estadual instaurou um inquérito para
apurar a falta de pagamento a investidores do esquema. Segundo o MP, uma
das pessoas que promove a TelexFree, o ex-ambulante Inocêncio Pereira
Reis Neto, exibe uma Ferrari Spider como sendo sua, comprada com
dinheiro conseguido trabalhando para a empresa, mas o carro foi
financiado na verdade pelo Banco do Brasil em nome de um estelionatário
do Rio Grande do Sul. O carro é avaliado em R$ 2,5 milhões.
"Se o negócio é tão rentável como eles dizem,
porque é que eles precisam se valer de uma mentira para vender esse
negócio?", diz a promotora Fernanda Pawelek ao G1.
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