quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sonhos violentos podem indicar doenças neurológicas futuras


Sonhos vívidos e violentos podem sinalizar distúrbios cerebrais até com meio século de antecedência, conclui novo estudo publicado na revista Neurology. Segundo a pesquisa, doenças neurológicas podem se esconder por anos antes de a pessoa ser diagnosticada.

Distinguir sinais precoces de tais doenças pode permitir aos médicos tratar pacientes muito antes de o cérebro se deteriorar, afirma matéria publicada nesta quarta-feira (4), no Science News.

Pessoas com o chamado distúrbio comportamental do sono REM, ou RBD, experimentam uma mudança brusca na natureza dos sonhos. Eles se tornam mais violentos e frequentemente envolvem episódios em que um ataque deve ser combatido. Assim, o sonhador, normalmente homem, perde a paralisia muscular (comum quando estamos dormindo) e começa a se torcer e gritar, como se estivesse realmente em uma luta.

Os médicos acreditavam que o RBD seria um transtorno isolado, mas estudos revelaram que um número grande destes pacientes desenvolve mais tarde doenças neurodegenerativas, como Parkinson e demência de Lewy. Os valores exatos variam, mas de 80 a 100% deles apresentam uma doença neurodegenerativa no futuro.

"O consenso entre todos os pesquisadores é que o RBD não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’", diz o especialista em sono Carlos Schenck da Minnesota Sleep Disorders Center, em Minneapolis, que foi um dos primeiros pesquisadores a descrever o RBD.

Em um novo estudo, o neurologista Bradley Boeve da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota, e sua equipe procuraram descobrir o intervalo entre o RBD e a doença. Eles analisaram registros médicos de pacientes da Clínica para identificar pessoas diagnosticadas pela primeira vez com RBD, e depois com uma doença neurodegenerativa, pelo menos, 15 anos depois.

Dos 27 pacientes que se enquadram nos critérios (dos quais apenas três eram mulheres, refletindo o predomínio do sexo masculino), o intervalo médio entre o início do distúrbio do sono e do distúrbio cerebral era de 25 anos, segundo a equipe. Em um caso, o RBD precedeu a doença de Parkinson por 50 anos.

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