O ministro José Eduardo Cardozo e o governador Geraldo Alckmin disseram
na tarde desta terça-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo
paulista, que as esferas estadual e federal terão uma agência integrada
de combate ao crime organizado. Segundo Cardozo, o acordo será firmado
na próxima segunda-feira e terá membros da Polícia Federal e da
Secretaria Estadual da Segurança Pública na coordenação.
A criação do novo órgão foi anunciada após reunião da cúpula da
Segurança Pública do Estado com entidades vinculadas ao Ministério da
Justiça, entre as quais o Departamento Penitenciário Nacional (Depen). O
encontro desta tarde aconteceu após uma onda de assassinatos na capital
paulista que vitimou mais de 90 Políciais Militares, além de cidadãos
comuns.
Segundo o ministro da Justiça, a reunião desta tarde definiu ações de
"asfixiamento financeiro" das organizações criminosas responsáveis
pelos ataques e também a futura transferência das lideranças envolvidas
em mortes de policiais para presídios federais. Ele disse que não serão
divulgados os nomes nem as datas das transferências. "Vamos atacar
frontalmente estas organizações", declarou.
Cardozo destacou como papel da Polícia Federal no novo órgão as
tarefas de repressão à lavagem de dinheiro, combate ao tráfico de drogas
e da corrupção política ligada às facções criminosas. Já a Receita
Federal tomaria conta do esvaziamento financeiro dos grupos criminosos
na origem de suas fontes de renda. Além destas medidas, foi anunciado
também um esforço de combate ao crack. "Política de segurança pública e
enfrentamento ao crime organizado tem de ser feito em conjunto", disse o
ministro Cardozo.
Alckmin afirmou que na reunião desta tarde foram estabelecidas metas e
datas, sem especificar que metas seriam estas. Sobre as mortes,
atribuiu a uma reação das quadrilhas à repressão que já existe. "Não é
uma tarefa fácil (a da repressão ao crime), quanto mais ação, maior a
reação", afirmou.
A titularidade da agência será dividida pelo superintendente da
Polícia Federal Roberto Ciciliati Troncon Filho e pelo
secretário-adjunto de Segurança Pública, Jair Manzano, segundo o
ministro da Justiça. Entre os órgãos que comporão a entidade estão A
Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional, o Depen e a Receita
Federal, além da Polícia Militar, Tribunal de Justiça e Ministério
Público, além das próprias PF e SSP-SP.
Onda de violência
Desde o início do ano, ao menos 90 policiais foram assassinados no
Estado. Desse total, 18 eram aposentados e três estavam em serviço. Além
disso, o Estado continua a enfrentar um grande índice de violência.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, só na capital houve um
crescimento de 102,82% no número de pessoas vítimas de homicídio no mês
de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em todo o
Estado, a alta foi de 26,71% no mesmo período.
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