Entre as centenas de mortos no naufrágio de Lampedusa,
no início de outubro, estão duas vítimas que comoveram até o mais
preparado socorrista. Mãe e filho foram retirados da água ainda ligados
pelo cordão umbilical. A jovem, grávida de sete meses, deu à luz
enquanto se afogava na costa italiana, sem realizar o sonho de recomeçar
a vida com o filho na Europa.
Assim como a maioria dos imigrantes que sucumbiram
naquele 3 de outubro, a jovem de não mais que 20 anos era natural da
Eritreia. Na embarcação de 20 metros, estima-se que viajavam mais de 500
pessoas. O naufrágio teria ocorrido depois que um grupo colocou fogo em
um cobertor para a chamar a atenção. As chamas acabaram se alastrando
rapidamente em função de um vazamento de combustível, culminando no
naufrágio.
"Nenhum de nós podia acreditar. Nós começamos a chorar.
Minha máscara estava cheia de lágrimas", descreveu Sollustri ao jornal
La Repubblica. Naquele momento, o mergulhador e subtenente dos
Carabineiros, que vinha mantendo o controle para garantir a eficiência
de seu trabalho, não pode mais suportar. "Na frente do bebê
recém-nascido, eu perdi a calma. Ele pode nunca ter visto a luz. Só a
escuridão no fundo do mar".
Pouco mais de uma semana depois, no dia 11 de outubro,
outro naufrágio a cerca de 100 quilômetros de Lampedusa deixou mais
algumas dezenas de mortos. Outra vez imigrantes, que buscavam uma vida
melhor do outro lado do mar.
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