A delegada Martha Rocha, chefe da Polícia
Civil do Rio de Janeiro, criticou nesta quarta-feira quem declara apoio
aos manifestantes ligados ao grupo Black Bloc. Apesar de não citar
nomes, a delegada fez uma referência implícita ao Sindicato Estadual de
Profissionais da Educação (Sepe), que agradeceu pelas manifestações do
grupo, e ao músico Caetano Veloso, que recentemente posou para foto criticando a lei estadual que proíbe o uso de máscaras em manifestações públicas.
"Eu peço uma reflexão a quem empresta suas identidades
para legitimar esses criminosos", afirmou Martha Rocha, ao apresentar
farto material que teria sido apreendido com os manifestantes, incluindo
facões, bombas de fabricação caseira, escudos improvisados e máscaras
de proteção contra gás.
Entre os itens apreendidos com o grupo está uma bandeira
com a inscrição "Núcleo Zona Norte", o que, segundo a delegada, faz
cair por terra a alegação dos manifestantes de que não são um grupo
organizado.
"Olhamos esse grupo como um bando. Se há um Núcleo Zona Norte, é porque há outros núcleos. E ninguém vai a uma manifestação com azulejos, com estilingues, com pedras, com verdadeiras armas para atacar policiais e depredar o patrimônio público", criticou a delegada.
"Olhamos esse grupo como um bando. Se há um Núcleo Zona Norte, é porque há outros núcleos. E ninguém vai a uma manifestação com azulejos, com estilingues, com pedras, com verdadeiras armas para atacar policiais e depredar o patrimônio público", criticou a delegada.
"Esse tipo de gente não sai de casa para fazer
manifestação, e sim para praticar delitos", disse Martha Rocha, ao
reclamar das críticas sofridas pela polícia na repressão aos protestos. "Ninguém aguenta mais essa situação dessas manifestações sempre terminarem em violência."
De acordo com balanço divulgado pela delegada, 64
pessoas foram presas e 20 adolescentes apreendidos em flagrante durante
os protestos da noite de terça-feira, no centro do Rio, durante ato para
marcar o Dia dos Professores. Desse total, 27 foram autuadas com base
na nova Lei do Crime Organizado, por crimes como dano ao patrimônio
público, formação de quadrilha, roubo e incêndio. Os delitos são
inafiançáveis.
A Polícia Civil autuou ainda 43 pessoas no crime de
formação de quadrilha, que, de acordo com a alteração da legislação, se
enquadram na Lei do Crime Organizado. Ao todo, 190 pessoas foram
conduzidas para oito delegacias da capital, sendo 57 adolescentes, sendo
o maior número de detenções desde o início das manifestações no Rio,
segundo Martha Rocha.
A delegada disse ter se surpreendido com o "grande
número" de pessoas naturais de outros Estados entre os 190 detidos, como
São Paulo, Rondônia, Espírito Santo e Brasília, mas não soube precisar
se são residentes na capital fluminense ou se vieram só para participar
do protesto. "Não sei se está havendo uma 'importação' de manifestantes", disse Martha Rocha.
Sobre o manifestante baleado durante o protesto, a chefe
da Polícia Civil afirmou já ter tido acesso a imagens que mostram
pessoas disparando armas de fogo contra manifestantes, e que a polícia
investiga se os agressores seriam policiais. De acordo com Martha Rocha,
a Polícia Civil pode instaurar procedimentos para apurar eventuais
abusos de autoridade.
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