quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Chefe da polícia pede 'reflexão' a quem declara apoio ao Black Bloc

A delegada Martha Rocha, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, criticou nesta quarta-feira quem declara apoio aos manifestantes ligados ao grupo Black Bloc. Apesar de não citar nomes, a delegada fez uma referência implícita ao Sindicato Estadual de Profissionais da Educação (Sepe), que agradeceu pelas manifestações do grupo, e ao músico Caetano Veloso, que recentemente posou para foto criticando a lei estadual que proíbe o uso de máscaras em manifestações públicas.

"Eu peço uma reflexão a quem empresta suas identidades para legitimar esses criminosos", afirmou Martha Rocha, ao apresentar farto material que teria sido apreendido com os manifestantes, incluindo facões, bombas de fabricação caseira, escudos improvisados e máscaras de proteção contra gás.
Entre os itens apreendidos com o grupo está uma bandeira com a inscrição "Núcleo Zona Norte", o que, segundo a delegada, faz cair por terra a alegação dos manifestantes de que não são um grupo organizado.

"Olhamos esse grupo como um bando. Se há um Núcleo Zona Norte, é porque há outros núcleos. E ninguém vai a uma manifestação com azulejos, com estilingues, com pedras, com verdadeiras armas para atacar policiais e depredar o patrimônio público", criticou a delegada.

"Esse tipo de gente não sai de casa para fazer manifestação, e sim para praticar delitos", disse Martha Rocha, ao reclamar das críticas sofridas pela polícia na repressão aos protestos. "Ninguém aguenta mais essa situação dessas manifestações sempre terminarem em violência."

De acordo com balanço divulgado pela delegada, 64 pessoas foram presas e 20 adolescentes apreendidos em flagrante durante os protestos da noite de terça-feira, no centro do Rio, durante ato para marcar o Dia dos Professores. Desse total, 27 foram autuadas com base na nova Lei do Crime Organizado, por crimes como dano ao patrimônio público, formação de quadrilha, roubo e incêndio. Os delitos são inafiançáveis.
A Polícia Civil autuou ainda 43 pessoas no crime de formação de quadrilha, que, de acordo com a alteração da legislação, se enquadram na Lei do Crime Organizado. Ao todo, 190 pessoas foram conduzidas para oito delegacias da capital, sendo 57 adolescentes, sendo o maior número de detenções desde o início das manifestações no Rio, segundo Martha Rocha.

A delegada disse ter se surpreendido com o "grande número" de pessoas naturais de outros Estados entre os 190 detidos, como São Paulo, Rondônia, Espírito Santo e Brasília, mas não soube precisar se são residentes na capital fluminense ou se vieram só para participar do protesto. "Não sei se está havendo uma 'importação' de manifestantes", disse Martha Rocha.

Sobre o manifestante baleado durante o protesto, a chefe da Polícia Civil afirmou já ter tido acesso a imagens que mostram pessoas disparando armas de fogo contra manifestantes, e que a polícia investiga se os agressores seriam policiais. De acordo com Martha Rocha, a Polícia Civil pode instaurar procedimentos para apurar eventuais abusos de autoridade.

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