Transcorria o Campeonato Paulista de
2011 e os dirigentes da base do São Paulo se impressionavam com os gols
de Hernane (86), então emprestado ao Paulista Jundiaí. Mais do que isso,
trabalhavam para que a notícia chegasse até a Barra Funda, onde treinam
os profissionais.
Chegar, provavelmente a notícia chegou.
Mas ninguém resolveu dar a chance que o centroavante esperava desde 2007
e recebeu no Flamengo. Na noite de quarta-feira, fez três vezes contra o
Botafogo e chegou a 31 gols no ano: é o artilheiro da temporada entre
times da Série A.
Naquele ano, Hernane se cansou de tantos
empréstimos e resolveu arriscar em si próprio. Em 2007, já com 21 anos,
havia sido contratado pelo São Paulo depois de um Estadual com o
pequeno Atibaia. Saiu para o Rio Preto e depois foi um dos destaques do
Toledo-PR, formado por jovens da base são-paulina, no Paranaense 2009.
Dali para o Paulista, foi campeão da Copa FPF e efetivamente chamou a
atenção por seus 10 gols marcados. Seguiu na Série A-1, marcou mais sete
vezes e foi se cansando de esperar.
O São Paulo queria renovar seu contrato,
houve um boato de interesse do Corinthians, mas Hernane achou melhor
tentar a sorte com as próprias pernas. Entre um empréstimo e outro, o
centroavante era um dos jogadores do time que a direção são-paulina
chamava Super 20. Tratava-se do grupo de atletas sem idade para as
categorias de base e sem muitas perspectivas de profissionalização. Um
projeto que intrigava o então diretor remunerado Renê Simões.
Os jogadores do Super 20 trabalhavam à
parte, sem disputar competições, e jogavam no aguardo por uma
oportunidade na carreira. Fosse no próprio São Paulo em outra equipe.
Mas só no Paraná Clube e especialmente no Mogi Mirim que Hernane
realmente encontrou as oportunidades para deslanchar já com 26 anos e
alcançar a camisa de um grande clube para jogar, o Flamengo. Logo depois
de ser vice-artilheiro do Paulista 2012, com 16 gols, só atrás de
Neymar.
Ao longo das quatro temporadas em que
esperou uma oportunidade no São Paulo, Hernane raramente fez treinos com
os profissionais e, no máximo, foi relacionado para uma partida. Nos
vestiários, porém, acabou cortado do banco de reservas naquele de dia.
Hoje sensação da maior torcida do País, Hernane, homem de 31 gols, é
sinal de como há desperdício de recursos nos clubes brasileiros.
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