terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Andrés ataca Bom Senso e sugere refinanciamento com punições

Andrés Sanchez fala em tom de desabafo sobre qualquer assunto. Quando é questionado sobre possíveis soluções para a generalizada crise financeira dos clubes brasileiros, no entanto, o deputado federal e ex-presidente do Corinthians se mostra ainda mais emburrado.

Uma das alternativas para amenizar o problema era o artigo 141 da Medida Provisória 656/14, que garantiria o parcelamento das dívidas fiscais dos clubes (estimadas em R$ 4 bilhões) em até 20 anos, com descontos de 70% em multas e 50% em juros. Sem prever qualquer contrapartida, a iniciativa acabou vetada pela presidente Dilma Rousseff na semana passada.

"Achei o veto excelente. Não dava para deixar passar da maneira que foi feito", disse Sanchez, que pertence ao mesmo partido da presidente, em conversa com a TV Gazeta. O deputado federal do PT, contudo, ainda é favorável a uma ação governamental em socorro aos clubes. Na condição de ex-presidente do Corinthians, ele mesmo chegou a ser alvo de ação penal do Ministério Público Federal em função de impostos não pagos durante a sua gestão.

"O Brasil é um país hipócrita. Aqui, a gente oferece refinanciamento para todos os órgãos da sociedade - montadoras, bancos, grandes empresas multinacionais... O futebol é só mais um segmento da sociedade", comparou.

Andrés deu até uma sugestão para que o refinanciamento possa ser levado adiante no esporte. "É preciso existir punição técnica. Os clubes teriam que mostrar todas as guias pagas no final do ano. Aquele que não mostrar cai de divisão. Poderíamos ter feito isso já no ano passado, desde que com a punição técnica", afirmou.

Apesar de integrar a base governista, Sanchez também não deixou de ser crítico. Ele queria que o refinanciamento das dívidas dos clubes estivesse nas mãos de especialistas. "Infelizmente, o governo monta uma equipe para falar sobre isso que nunca conheceu o futebol. É algo muito triste", lamentou. George Hilton, novo ministro do Esporte, já foi alvo de críticas por ter admitido que não era muito familiarizado com a pasta ao ser empossado.

Críticas ao Bom Senso
Movimento organizado por jogadores de futebol, o Bom Senso FC fez campanha contra a aprovação do artigo 141 da MP 656/14. E continua a incomodar Andrés Sanchez.

"O Bom Senso quer tudo, mas nada contra eles. Jogador trabalha no máximo duas horas por dia. Não dá para ser registrado em CLT. Precisa haver um órgão trabalhista diferente. E muito jogador 'chinelinho' fica dois meses machucado sem sentir nada. Ele fala que está com dor só para não jogar. Por que o Bom Senso não cobra punição para isso também? Por que não abre mão do dinheiro das premiações? Eles exigem prêmios para ganhar campeonatos na véspera dos jogos".

Um dos articuladores do Bom Senso é o zagueiro Paulo André, que passou pelo Corinthians e processou o clube para receber direitos de arena e até horas extras. "O Bom Senso deve discutir o que é contra eles também. Jogador precisa ter voz ativa e participar de tudo, mas já estão exagerando", desabafou mais uma vez Andrés Sanchez.

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