Quando chegou ao Bahia em 2012, Neto era apontado como a solução para os problemas na lateral-direita da equipe. Após boas exibições e gols, principalmente de bola parada, o jogador ficou credenciado à titularidade absoluta durante algum tempo, mas uma queda de rendimento acabou fazendo a estabilidade de Neto desmoronar em Salvador.
O final da já conhecida história aconteceu em maio de 2014, quando Neto e a diretoria do clube chegaram em um acordo e o jogador, que tinha contrato até dezembro, deixou o Fazendão. No entanto, Neto garante que muita coisa aconteceu antes disso.
Em entrevista ao iBahia, no último sábado (24), o jogador, que curtia o Festival de Verão ao lado da família no Camarote Fiori, revelou que está de malas prontas para voltar à Grécia, mas relatou as dificuldades que passou durante o tempo que atuou na boa terra.
"Você sabe que, hoje em dia, Salvador é meio complicado para o meio (do futebol). A imprensa, torcedores, esse meio que a gente vive é complicado até para irmos em um restaurante, ou em uma festa, até um aniversário... Ainda mais no momento em que o Bahia se encontrava na época. Eu lembro que quando eu tinha acabado de renovar o contrato, em 2013, eu deixei de analisar outras propostas. Fiquei por que tinha me identificado muito com o clube e com a torcida, e foi logo quando o presidente (Marcelo Guimarães) passou por uns problemas dentro do Bahia e todo mundo começou a cair de produção também", disse.
Neto admitiu ter cometido erros durante e depois do momento conturbado em que o Tricolor estava e alegou ter sido taxado como um dos culpados pelo contexto em que o clube se inseriu. "Eu pisei na bola, comecei a fazer algumas coisas que não costumava fazer. Fiquei seis anos fora do Brasil... Cheguei aqui e, quando era convidado por um amigo para ir à uma festa, mesmo com a minha namorada, era complicado. Querendo ou não, aqui em Salvador, não se pode. Você sabe que hoje para termos uma vida assim, é meio complicado e juntamente com o Bahia, que estava passando por uma fase turbulenta. Tínhamos saído da Copa do Nordeste e perdemos um Ba-Vi, então os jogadores com mais nome, como eu, o Souza, o Titi e o Lomba foram taxados como culpados, como os únicos que não estavam mais rendendo", pontuou.
Apesar dos pesares, o jogador garante que não guarda mágoas do que viveu na Bahia e afirma que queria ter feito diferente, mas a imprensa acabou atrapalhando para a retomada do seu bom futebol. "Não (guardo mágoa). Pelo contrário, sempre encontro o carinho do torcedor aqui. É lógico que sempre tem um ou outro que fala 'Pô, Neto, você se perdeu, começou a sair muito'... Não, eu tinha consciência do que estava fazendo, mas ao mesmo tempo, estava querendo voltar, querendo uma oportunidade, mas a imprensa também não ajudava, queria me deixar meio de lado. Por causa de um, dois jogos, eu era sacrificado, mesmo com tudo o que vinha fazendo"...
"Aqui em Salvador, a imprensa em si, quando quer levantar o cara, levanta, mas quando quer derrubar, também derruba. Ninguém desaprende a jogar futebol do dia para a noite. Erro meu, erro também da diretoria, que não assumiu, não bancou, e erro também da imprensa, que quando cria uma birra com alguém, é complicado dar uma nova oportunidade para o cara ganhar confiança, voltar a jogar bem. Hoje, 80% da população de Salvador são fanáticos pelo time, são Bahia de sangue mesmo. Mas eu só guardo coisas boas daqui, não tenho do que reclamar, não", explicou.
O lateral ainda isentou o então técnico Cristóvão Borges de culpa pelas poucas oportunidades que teve após a baixa de toda a equipe, justificou a sua saída do clube antes do término do contrato e voltou a reclamar da imprensa. Entretanto, para Neto, sua história no Esquadrão fazem parte das "coisas do futebol"."Eu lembro até hoje que o Cristóvão falava para todo mundo: 'tenho o melhor jogador na lateral, mas não posso utilizar por medo da hostilização da torcida e da imprensa'. Eu falava: 'professor, fica tranquilo'. Ele não queria expor o grupo e todo mundo sabia disso", revelou.
"Mas eu acabei criando um atrito até na diretoria, então falei: 'vou embora', mas eles não queriam me liberar para assinar com outro clube, aí eu resolvi ficar. Tive oportunidade em um jogo, contra o Grêmio, em casa. Estávamos bem, aí a imprensa toda falava que eu era um dos melhores jogadores do primeiro tempo, mas quando chegou no segundo, tomamos um gol e quem era o culpado? O Neto. Foi um lance que eu lembro até hoje: a bola bateu na trave, voltou e o cara, no meio da área, fez o gol, mas o culpado foi o Neto. São coisas do futebol. Enfim, eu não guardo assim tanta mágoa não", finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário