A advogada trabalhista Marisa Riello Deppman, 49, mãe do estudante Victor Hugo Deppman, 19, assassinado na terça-feira em São Paulo,
disse que quer transformar sua dor em combustível de uma luta para
mudar a legislação brasileira. Ela lutará para a mudança do Código
Penal e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), entre outras
leis. A redução da maioridade penal é um dos pontos que defende.
“Tem que mudar o que está aí. Não dá mais conviver
com essa insegurança. Não dá para achar que a insegurança é uma coisa
normal e que deve estar no nosso dia a a dia. Isso é anormal. Não
precisamos conviver com isso.” Ontem, o governador de São Paulo Geraldo
Alckmin defendeu endurecimento das punições a menores infratores, cujo
tempo máximo de internação é de três anos segundo o ECA. “É um absurdo
uma pessoa que pode votar com 16 anos não responder pelos seus atos
nessa mesma idade”, diz Marisa.
Para ela, alterações legais impediriam, por
exemplo, que uma pessoa condenada a 30 anos de prisão consiga a
liberdade após cinco ou seis anos cumprindo a pena. “Cinco ou seis anos
não vão pagar pela vida do meu filho. Nunca mais vou poder abraçar meu
filho. E esse animal que matou meu filho não vai ficar nem três anos
preso.” E continua. “Duvido que ele cumpra um ano. Vai estudar, se
engajar em movimento religioso dentro da fundação. Depois, vai voltar
para o nosso bairro e praticar o mesmo crime.”
O filho da advogada foi morto na noite da última
terça com um tiro no portão do prédio em que a família mora no Belém,
zona leste da capital. O criminoso roubou o celular e atirou na cabeça
dele após pegar o aparelho. Victor não reagiu ao assalto.O adolescente
suspeito de matá-lo, que hoje fez 18 anos, foi internado na Fundação
Casa (antiga Febem).
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