Última rodada da Taça Rio,
segundo turno do Campeonato Carioca. Muito pouco em jogo e pouco
interesse do público e das equipes - tanto que nem um gol de Rhayner
logo aos 6min do primeiro tempo em Fluminense x Bangu serviu para
empolgar a partida pela ultima rodada. E quando um gol de Rhayner já nem
é mais novidade, é bom olhar para a torcida e ver o que se pode
encontrar.
No meio da pequena torcida
tricolor presente ao Estádio de São Januário (855 pagantes e 1883
pessoas nas arquibancadas, com renda de R$ 14.065), foi possível
encontrar algumas historias – como as de Jarbas Carlini, um botafoguense
que anda pelos estádios promovendo a Seleção Brasileira. A história
pode parecer um pouco sem sentido, mas são coisas que só a paixão pelo
futebol pode explicar.
Jarbas é um quase
ex-jogador frustrado, que parou no juvenil do Campo Grande nos idos dos
anos 80. Em 94, a imagem de Dunga levantando a Copa do Mundo o deixou
arrepiado. "Daquele dia em diante, resolvi fazer uma réplica daquela
Copa para ter em casa. A família gostou, começou a tirar fotos, pedir
emprestado", conta, lembrando que hoje já tem até uma fôrma, para o caso
de sua réplica quebrar. "Ela é feita em gesso, barro e cimento",
explica.
Mas foi a proximidade da
Copa do Mundo que fez Jarbas voltar a frequentar os estádios para,
agora, promover os jogos da Seleção. "Quarta-feira tem Brasil x Chile no
Mineirão, e vim aqui para todo mundo saber", diz ele com uma bandeira
do Brasil, uma do Chile e um boneco do Neymar.
"Nunca mais vou ter a
chance de ver uma Copa do Mundo no Brasil, e quero viver cada minuto. E
ainda tenho que ver algum jogo", diz, lembrando que vai fazer de tudo
para estar no Maracanã no próximo sábado, em um jogo amistoso entre os
amigos de Bebeto e Ronaldo só para convidados, mas que comprou ingresso
para ver México x Italia no dia 16 de junho pela Copa das Confederações.
O torcedor é um
frequentador assíduo de treinos, comemorações, festas de futebol, e seu
álbum de fotos é seu orgulho. Mas até um apaixonado como ele tem que
admitir que o Campeonato Carioca deste ano é o pior em muitos anos. "O
fechamento do Engenhão tirou o brilho do Estadual. Mas ainda podemos
terminar com alguma coisa boa - por exemplo com o Botafogo inaugurando o
Maracanã na final", sonha.
Pode parecer sonho, mas o
fato é que o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, confirmou ao Terra que negocia com a
secretaria de Esportes do Estado para que a final da Taça Rio e as
finais do Estadual - caso o Botafogo não vença a Taça Rio - sejam no
Maracanã. "Não vejo motivo para que nao seja assim. O Mineirão, o
Castelão e a Fonte Nova ja estão recebendo jogos e acho que pode ser bom
para testar o estadio como quer a Fifa" disse.
Falando em Estadual ruim,
pouca coisa mais aconteceu no jogo depois do gol de Rhayner. Rubens
Lopes foi a São Januário ver "o seu Bangu" e teve que amargar um estadio
vazio, um jogo fraco e pouca motivação: tônica de um campeonato que se
arrastou por dois turnos, com 16 clubes e com o "castigo" de Vasco e
Flamengo fora da disputa pelo segundo turno, e pelo campeonato, já na
terceira rodada. "Hoje não vem ninguém porque o jogo não interessa",
desconversou Rubinho.
E sendo assim, sem nada o
que contar de interessante no campo, além de mais um gol de Rafael Sóbis
nos acréscimos do jogo, ainda tem uma última historia. São Januário se
despede do Carioca de 2013 no dia que completa 86 anos. Lá pelos idos de
1927, o estádio era inaugurado e em pouco tempo serviria de palco para
os desfiles e discursos históricos do presidente Getúlio Vargas. Então,
86 anos depois, o Getúlio Vargas estava de volta. Desta vez, com um
homônimo no gol do Bangu, e com mais pena que glória. Igualzinho ao
Estadual, que parece, enfim, vai chegar ao fim dentro de mais três ou
cinco jogos. Triste tarde de domingo para o futebol carioca.
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