A Polícia
Civil está investigando as causas da morte de quatro bebês no Hospital
Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no centro do Rio de
Janeiro. As mães deram entrada no hospital no último dia 4 e os bebês
ficaram internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal,
mas morreram três dias depois.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que
lamenta o ocorrido e que a direção da maternidade está à disposição das
famílias para prestar os esclarecimentos sobre o atendimento e "que
todos os óbitos materno-infantis são investigados por comissões, tanto
na unidade onde o fato ocorreu quanto na SMS".
A maternidade esclareceu à secretaria que a
paciente Mayara da Silva Rosa foi internada na noite do dia 4 em
trabalho de parto. Ela foi encaminhada ao Centro de Parto Normal e
assistida pela equipe obstétrica do hospital, com avaliações periódicas
da vitalidade fetal. A equipe médica decidiu fazer cesariana ao
constatar a presença de líquido meconial espesso. O bebê foi encaminhado
à UTI Neonatal, mas morreu no dia 6.
A outra paciente, Carla Marins da Silva, segundo a
secretaria, deu entrada na unidade no dia 4, após rompimento da bolsa,
mas sem estar em trabalho de parto. Ela foi internada para
acompanhamento com cardiotocografia para avaliação do bem-estar fetal,
com padrão tranquilizador, quando apresentou evolução espontânea do
trabalho de parto e, às 13h45 do mesmo dia, ocorreu nascimento, de parto
normal, que evoluiu com síndrome de aspiração meconial. O recém-nascido
foi internado na UTI Neonatal e morreu no dia 7. Outros dois casos
também estão sendo investigados pela polícia.
A Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de
Janeiro (SGORJ) informou que vai encaminhar para o Ministério Público
Estadual (MP-RJ) e para o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio
de Janeiro (Cremerj) uma carta formal pedindo a investigação dos casos
de mortes de bebês na unidade hospitalar.
A conselheira do Cremerj e obstetra Vera Fonseca disse
que a cesariana não tem risco e deve ser feita no momento correto. "A
gente sempre prioriza que o acompanhamento do trabalho de parto se faça
com precisão e seja feito por médicos especialistas. A cesária não tem
risco e ela é colocada como vilã, mas ela quando feita no momento
correto, salva a vida da mãe e do feto. A indicação da cesária deve ser
precisa e feita na hora certa. Se o parto normal houver alguma
intercorrência, a cesária é indicada para não ocorrer o sofrimento
fetal", explicou Vera.
Ainda de acordo com Vera, "tem partos que demoram 12
horas e acontecem bem, outros que demoram menos tempo e têm problemas. O
acompanhamento do parto deve ser feito com a maior atenção possível. A
gente deseja que todas as maternidades tenham uma equipe completa para
os partos", disse.
De acordo com a delegada Karina Regufe, da 5ª Delegacia
de Polícia (Mem de Sá), responsável pelo inquérito, os exames do
pré-natal estão sendo analisados e testemunhas estão sendo ouvidas.
As documentações das mães e dos bebês foram solicitadas ao hospital para
que sejam encaminhadas à perícia. A policial também solicitará as
escalas de plantão dos dias em que as mães estiveram lá, para que os
funcionários que as atenderam sejam intimados para prestar depoimento.
Ainda segundo a delegada, um inquérito foi instaurado e as investigações
estão em andamento.
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