quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Na Bahia, 60% dos mais de 17 mil médicos estão concentrados na capital

Se você ficar doente, ou simplesmente quiser checar se está tudo bem, provavelmente já sabe a quem recorrer. A figura daquele médico vestindo o familiar jaleco branco logo vem à mente. Todo mundo vai precisar de (pelo menos) um, ao longo da vida.  No entanto, nem todo mundo vai encontrar algum disponível quando precisar. 

Isso porque o número de médicos  na Bahia está abaixo da média nacional e distante de locais como Distrito Federal e Rio de Janeiro.  Essa é a conclusão do estudo Demografia Médica no Brasil: Cenários e Indicadores de Distribuição, divulgado no início da semana pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). 

De acordo com o levantamento, existem 17.741 médicos registrados no Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) para atender a todos os 14.175.341 residentes do estado. Ou seja: se mil baianos precisassem se consultar com um médico no mesmo dia teriam que disputar um mesmo profissional, já que o índice não passa de 1,25. 

Ranking
Se for comparado com outros estados, a Bahia fica em 18º lugar no ranking da distribuição de médicos. No Distrito Federal, por exemplo, são 4,09 médicos para cada mil habitantes, enquanto no Rio de Janeiro e em São Paulo, os índices são de 3,62 e 2,64, respectivamente. 

O Brasil, com dois médicos para cada mil pessoas, também, não está na melhor das situações — ainda que o índice seja maior que o da Bahia. Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) não definir um número ideal de médicos, o país ainda fica atrás de vizinhos como a Argentina, que tem uma média de 3,16 profissionais para cada mil habitantes. 

Cuba, que lidera o ranking de países segundo estatísticas da própria OMS, tem 6,39 médicos pela mesma quantidade de habitantes. 

Para o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, o número de médicos para atender os baianos é insuficiente. “Se fosse o bastante, não teríamos a quantidade de postos de trabalho abertos, nem estaríamos recebendo médicos de outros estados devido à carência que temos aqui”, disse. 

Um exemplo dado pelo secretário foi que mesmo depois de ter convocado todos os aprovados no último concurso para médicos na rede estadual, realizado em 2008, até o ano passado, ainda há vagas. “Vamos abrir uma seleção pública nas próximas semanas para contratos temporários, na tentativa de suprir as vagas que o concurso não ocupou”, afirmou Solla.  

SUS 
Os dados do CFM também indicam que a razão de médicos cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS) é ainda menor: 0,81%. Para o presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, o índice reforça que os médicos migram para a iniciativa privada. “O serviço público maltrata demais o médico. Então, quando surge uma oportunidade na rede privada é natural a migração”.
O secretário Jorge Solla, por sua vez, pensa que esse resultado ainda deve ser analisado. “O problema é que temos casos que não estão bem definidos. Muitos hospitais privados atendem pelo SUS. É difícil encontrar algum profissional que não tenha um pé no SUS”, replicou.

Novos cursos
De acordo com o secretário, um dos investimentos que vão ajudar a demanda no estado é a criação de novos cursos de Medicina e novas vagas nos cursos já existentes. 

No ano passado, a presidente Dilma Rousseff aprovou a implantação de cursos de Medicina em São Antônio de Jesus, na Universidade Federal do Recôncavo, em Paulo Afonso, no novo campus da Universidade do Vale do São Francisco, além de Teixeira de Freitas e em Barreiras, em novas instituições federais. 

Solla também acredita que os investimentos são suficientes para suprir a necessidade de trabalho dos profissionais. “Nos últimos seis anos, criamos 1.300 leitos somente na rede estadual. Isso significa um batalhão de postos de trabalho”, apontou.

Sem estrutura
Por outro lado, o presidente do Cremeb, José Abelardo de Meneses, afirma que o número de médicos do estado consegue suprir as necessidades da demanda.

“Em Salvador, temos  até  um número excedente de médicos. Cidades como Feira de Santana e Juazeiro têm um número de médicos ativos suficiente. Já numa cidade como Itabuna, temos um Hospital de Base com muitos médicos, mas totalmente sucateado”. 

A criação de novos cursos também não é vista com bons olhos pelo Cremeb. “Em algumas profissões , para se formar, basta bons professores e biblioteca. Medicina não é assim”.  Na visão do presidente do conselho, para que um curso funcione bem, são necessários bons laboratórios, cadáveres, estrutura de laboratórios e de hospitais.

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