A lavradora baiana Silvânia da Silva venceu mais uma
etapa da disputa judicial pela guarda de seus cinco filhos, retirados
de casa há um ano e oito meses e adotados irregularmente por quatro
famílias do interior paulista.
Na sentença publicada nesta segunda (18), o juiz
Luiz Roberto Cappio julga improcedentes os pedidos de perda da guarda da
lavradora da cidade de Monte Santo e os pedidos de adoção. Além disso,
determina que as famílias paulistas paguem multa de R$ 3,6 mil por agir
de má-fé, indenização por danos morais (cujo valor ainda será definido) e
honorários de advogado dos pais biológicos
(R$ 36 mil).
(R$ 36 mil).
Ao saber da notícia, através do CORREIO, Silvânia
chorou e afirmou que estava preocupada com o resultado do processo.
“Eles (as crianças) estavam chorando pra não voltar (para São Paulo).
Eles querem ficar aqui. Vou comemorar com eles, tomando conta, botando
na escola”, disse a lavradora.
Desde dezembro, ela é acompanhada por profissionais
do Centro de Referência Especializada da Assistência Social (Creas) e do
Centro de Referência da Assistência Social (Cras). “Todo mundo ficou
feliz, principalmente os amigos dos meninos”, contou Silvânia.
“O valor não reflete a importância dessas ações”,
opinou o juiz Luiz Roberto Cappio. Ainda cabe recurso da decisão. “Os
autores, com destinação quase doentia, devem interpor recurso”, afirmou.
Das quatro famílias paulistas que adotaram os filhos de Silvânia,
apenas uma desistiu do processo antes da publicação da sentença.
Na avaliação do magistrado, não foram respeitadas
todas as etapas judiciais para Silvânia perder a guarda dos filhos. Na
sentença, Cappio afirma que a guarda provisória foi concedida às
famílias paulistas “do dia para noite”, contra a vontade dos pais
biológicos e sem ser constatada situação de risco aos menores.
Entre as irregularidades, Cappio lembrou que
Silvânia, Gerôncio Souza, pai de quatro das cinco crianças, e José Mário
Silva, pai da filha caçula da lavradora, não foram ouvidos pelo
Ministério Público antes das crianças serem levadas.
Cappio, que assumiu a comarca de Monte Santo após o
juiz Vitor Bezerra aprovar a retirada dos cinco filhos da lavradora,
suspendeu a audiência para ouvir as famílias paulistas marcada para o
dia 11 deste mês. “Nos autos, já havia provas suficientes para julgar
antecipadamente. Se tornou dispensável e inútil a audiência de
instrução”.
O juiz já havia determinado a volta das crianças à
Bahia em novembro. Há exatos dois meses, as crianças retornaram para
casa, depois de passarem 15 dias no instituto Aldeia Infantil SOS de Rio
Bonito, em São Paulo, onde psicólogos e pedagogos prepararam a família
para o reencontro. Em Monte Santo, as crianças foram recebidas com fogos
de artifício e festa.
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