O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH),
deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), ignorou o apelo feito nesta
terça-feira pela maioria dos líderes da Câmara para que ele renunciasse
ao cargo. O deputado é acusado de racismo e homofobia e também de
estelionato. Como condição para renunciar à presidência da comissão,
Feliciano exige que o PT de retire os deputados José Genoino (PT-SP) e
João Paulo Cunha (PT-SP) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
por terem sido ambos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A
condição imposta por Feliciano não foi aceita.
Segundo relato de alguns líderes, durante a reunião,
Feliciano colocou-se na condição de vítima e se comprometeu a evitar
declarações polêmicas. Na última semana, o pastor disse que antes da
chegada dele à presidência da CDH, o colegiado era comandado por
Satanás.
Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR),
Feliciano está prejudicando a imagem da Casa. De acordo com Bueno,
Feliciano não atendeu ao apelo dos líderes e ao chamando para que
renuncie e, com isso, passou a ser o o responsável pela crise. "Ele não
pode se colocar acima da instituição (Câmara dos Deputados) e não está à
altura para presidir a comissão", disse Bueno.
Já o líder do Psol, Ivan Valente (SP), acusou Feliciano
de estar se "aproveitando politicamente" da polêmica. "Ele negou os
pedidos para sair e se propôs a continuar. Entendemos isso como um
grande desrespeito. Ele sabe que está lucrando econômica e politicamente
com isso", criticou Valente.
A declaração do pastor causou mal-estar entre os
petistas. Nos bastidores, representantes do partido se disseram
incomodados com a condição imposta pelo político. Para eles, essa
postura desqualifica ainda mais o pastor, já que o julgamento do
mensalão ainda não foi finalizado e, por isso, os réus teriam o legítimo
direito de exercerem seus mandatos e fazerem parte da CCJ da Câmara.
Ao final do encontro com os líderes, Feliciano evitou a
imprensa e pediu apenas que lhe dessem uma chance para trabalhar. O
deputado disse que, desde que assumiu a presidência do Conselho de
Direitos Humanos e Minorias, já perdeu seis quilos e que está "tentando
viver".
Na reunião dos líderes, o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), revogou o requerimento aprovado na semana
passada na comissão, a pedido de Feliciano, para impedir o acesso de
manifestantes às reuniões do colegiado.
Com isso, as próximas reuniões serão abertas, mas o
pastor poderá restringir o acesso de pessoas, caso considere que isso
seja necessário para o bom andamento dos trabalhos. "Amanhã (10), nós
vamos abrir a sessão. Se houver manifestação, vamos ao regimento, Artigo
272", disse Feliciano. Esse artigo diz que espectadores ou visitantes
que se comportarem de forma inconveniente na Câmara serão retirados do
recinto, por decisão do presidente presidente da Casa ou de alguma
comissão.
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