terça-feira, 18 de junho de 2013

Le Monde: governo de Dilma 'paga o preço' por gastos exagerados na Copa

O "milagre brasileiro está em pane", diz a manchete do jornal francês Le Monde desta terça-feira, que ainda dedica uma página inteira aos acontecimentos e à "maré humana" que varreram o País nos protestos contra a alta dos preços, a corrupção e os gastos com a Copa do Mundo. Segundo o jornal, o governo da presidente Dilma Roussef "paga hoje o preço" de uma revolta popular instigada pelas "despesas suntuosas da Copa do Mundo de 2014".


"Ao vermos, dia após dia, os manifestantes cada vez mais números irem às ruas para criticar à má administração e as quantias abissais investidas na organização da Copa do Mundo, enquanto os serviços públicos como a saúde e a educação estão em um estado deplorável, podemos questionar se os dirigentes (do País) não tiveram o olho maior do que a barriga", escreveu o Le Monde.

Segundo o jornal, uma conjunção de diferentes fatores fez desmoronar o "paradigma" de que a Copa do Mundo iria permitir desenvolver diferentes regiões do País. O primeiro fator, diz o vespertino, é o fraco crescimento econômico brasileiro, que sinaliza "perda de fôlego". Outro elemento importante é a inflação, "um tema sensível para os brasileiros", que "dá sinais de febre forte".

"A tudo isso se somam os anúncios sobre o custo suplementar astronômico das obras dos estádios. Alguns deles permanecerão carcaças vazias por falta de espectadores (após a Copa) e outros serão dificilmente acessíveis às pessoas de baixa renda em razão do aumento dos preços dos ingressos", diz o Le Monde.

Bastou então o aumento de R$ 0,20 do preço das passagens de ônibus em São Paulo, associada "a uma repressão desproporcional da polícia" para "atear fogo na pólvora", escreve o diário.

O Le Monde destaca que não apenas as autoridades "esqueceram" de mencionar que o transporte em São Paulo se torna um dos mais caros do mundo, já que cada usuário utiliza, em média, duas ou três passagens por dia, "mas eles também deixaram de evocar o estado do sistema de transportes, deplorável".

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