O que se viu hoje na comissão, no entanto, sequer lembra
os dias de ocupação do plenário do colegiado, em que manifestantes
chegaram a ser detidos e impedidos de entrar na sala onde ocorriam as
reuniões da CDH. Antes, os ativistas gritavam palavras de ordem e
chegavam a atrapalhar os trabalhos. Hoje, apenas cerca de 10
manifestantes seguravam cartazes e aplaudiam o deputado Simplício Araújo
(PPS-MA), único a discursar contra o projeto da "cura gay".
"Não existe tratamento porque isso não é doença. O que temos que tratar é a corrupção, a cara de pau de alguns políticos. Gostaria que tivessem a mesma possibilidade os profissionais de psicologia de tratar alguns distúrbios de comportamento do ser humano. Não é a homossexualidade um dos distúrbios que prejudica a família. O que prejudica a família é a corrupção, a forma como a classe política está se comportando. Este projeto é inconstitucional. Apenas o poder judiciário pode questionar uma decisão de qualquer conselho de qualquer profissão", criticou Araújo.
Feliciano, no entanto, alegou que a CDH apenas analisou o
mérito da questão. A constitucionalidade do projeto será avaliada ainda
pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O projeto também passará
pela Comissão de Seguridade Social da Câmara.
O deputado Anderson Ferreira (PR-PE), relator da matéria
na CDH, alegou que há jurisprudência que considera inconstitucional
qualquer resolução de conselho profissional que limita o exercício da
profissão.
"Essa resolução cerceia a independência e liberdade dos
profissionais e o direito da pessoa de procurar um psicólogo e de
receber orientação. É direito do paciente procurar atendimento que
satisfaça seus anseios. O projeto de decreto legislativo garante o
direito ao homossexual a mudar sua orientação sexual e ser acolhido por
um profissional", afirmou o relator durante a leitura do seu parecer,
que pede a aprovação da matéria.
Ferreira alegou que a suspensão dos efeitos da resolução
terá efeito somente até que haja uma decisão judicial que determine se
psicólogos devem ou não ajudar pacientes a "deixarem" a
homossexualidade. Em resposta, o CFP afirmou que os psicólogos estão
proibidos de tratar a homossexualidade como doença.
"Estão, sim, proibidos os psicólogos de exercerem
qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas
homoeróticas, e adotarem ação coercitiva tendente a orientar
homossexuais para tratamentos não solicitados. (...) A norma orienta os
profissionais da psicologia a não se pronunciar e nem participar de
pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a
reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais
como portadores de qualquer desordem psíquica", defendeu o conselho
representativo dos psicólogos em nota.
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