terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dirceu recebe proposta de R$ 20 mil para trabalhar como gerente em hotel

O ex-ministro José Dirceu, condenado inicialmente a sete anos e 11 meses de prisão no julgamento do mensalão, recebeu uma proposta para trabalhar como gerente administrativo no hotel Saint Peter, em Brasília. De acordo com o contrato de trabalho, Dirceu receberá R$ 20 mil para cumprir o expediente das 8h às 17h. A proposta, no entanto, depende do aval da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal.

Os documentos, anexados ao processo do mensalão, mostram que o contrato teve início no dia 22 de novembro. Caso o que está escrito fosse realmente cumprido, Dirceu já teria acumulado quatro faltas, o que inviabilizaria sua contratação "a título de experiência". Outra curiosidade é que Valéria Linhares, a gerente geral do hotel que assina a contratação do ex-ministro, também teve sua carteira de trabalho anexada ao processo. Segundo consta no documento, ela recebe R$ 1.800 - onze vezes a menos que Dirceu, mesmo desempenhando um cargo superior.

Na ficha de solicitação de emprego, assinada no dia 18 de novembro (quando ele já cumpria pena dentro do Complexo Penitenciário da Papuda), José Dirceu afirma que é formado em Direito, católico e pratica caminhada como exercício físico. Questionado sobre o motivo de procurar trabalho, ele respondeu: "necessidade e por apreciar hotelaria e área administrativa". Em outro campo, o ex-ministro marcou "sim" quando perguntado sobre se teria algum processo na Justiça Civil. Ele deixou em branco o campo destinado ao "motivo".


Reprodução da carteira de trabalho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu Foto: Reprodução
Reprodução da carteira de trabalho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
Foto: Reprodução

Na documentação, a empresa informa que tem "plena ciência" da situação de Dirceu e concorda com as condições legais para oferecer a ele um emprego.

"A empregadora tem plena ciência e anui com as condições do empregado no sentido de cumprir a atividade laboral, seja no tocante a horário, seja por outra exigência a qualquer título, relativamente ao regime profissional semi-aberto ou outro que seja determinado pelo poder judiciário para cumprimento da pena a que foi submetido em razão da condenação na ação penal 470, em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal", diz o contrato.

Segundo a assessoria do STF, quem decidirá sobre o pedido de trabalho será a VEP. Caso a Justiça conceda o direito, Dirceu poderá trocar a Papuda pelo Centro de Progressão Penitenciária (CPP). O CPP fica num setor industrial de Brasília e abriga condenados ao regime semiaberto, pelo qual o detento pode sair para trabalhar durante o dia e tem de voltar à noite para dormir na prisão. O local abriga quase 1,3 mil presos condenados pelos mais variados crimes, como homicídio, tráfico e assalto.

Outros condenados no processo também já pediram ao STF autorização para trabalhar. O ex-deputado federal Romeu Queiroz, condenado a seis anos e seis meses de prisão, pediu transferência para Belo Horizonte para trabalhar em sua empresa. Jacinto Lamas, condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro, também pediu autorização para trabalhar fora do presídio, além de fazer fisioterapia.

Questionário preenchido por Dirceu ao se candidatar à vaga de gerente administrativo do hotel Foto: Reprodução

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