R.K, 37 anos, é uma cristã que vivia em Homs, cidade ao
norte de Damasco, palco do início dos conflitos na Síria. Ela fugiu para
o Líbano com os filhos depois de ter sua casa invadida, saqueada e
praticamente destruída pelos rebeldes. Rebeldes que, segundo ela, usavam
bombas e metralhadoras, e eram na maioria estrangeiros (confira seu
relato no vídeo).
"Aquilo que se fala é uma coisa, aquilo que eu vi em
Homs é outra. Vimos tudo diante dos nossos olhos. Manifestações, gritos
de ordem contra o regime, ataques contra as nossas casas, ataque contra
os cristãos, queriam que todos os cristãos e os alauítas (grupo muçulmano do presidente Assad, minoria na Síria) fossem
embora da Síria. Aqueles que retornaram às nossas casas para pegar
alguns pertencem foram mortos, homens e mulheres", diz.
“Existe um plano para expulsar todos os cristãos para
islamizar todo o Oriente Médio”, defende o padre Nader Jbail, cristão
ortodoxo nascido em Damasco. O Terra encontrou o padre
Nader um dia após seu retorno da capital síria, onde mantém contatos e
vai visitar a família. "São três os pontos principais cujas
consequências estamos vivendo aqui. O primeiro: petróleo e gás; segundo:
os cristãos devem deixar o Oriente Médio; terceiro: a linha vermelha de
Israel. Para o primeiro e o terceiro, encontra-se sempre uma solução. E
para os cristãos?", questiona.
A cidade de Zahle, no Líbano, é o último reduto cristão
antes da fronteira com a Síria. A diferença entre as religiões se vê na
disposição da cidade: de um lado estão os cristãos e, de outro, os
muçulmanos. Lá, o padre Nader é diretor da emissora cristã Swat el
Sama e usa as ondas de rádio para levar conforto aos refugiados
cristãos, sem dar notícias de conflitos ou ataques. Entretanto, padre
Nader testemunhou muitos ataques pessoalmente, além de ouvir os relatos
dos refugiados.
"Ultimamente os rebeldes muçulmanos não têm concentrado
os ataques contra locais do governo, contra exército sírio. O que existe
é uma verdadeira cruzada contra os cristãos. Basta ver um dos últimos,
quando a cidade de Maalula foi assediada, simplesmente por ser um reduto
cristão", diz.
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