terça-feira, 5 de novembro de 2013

P. André critica CBF e diz que medo de retaliação impede avanço do Bom Senso

No dia em que o Bom Senso FC divulgou nota criticando o desinteresse da CBF pelas discussões que propõem reestruturação do futebol brasileiro, um dos expoentes do movimento, o zagueiro Paulo André, fez mais críticas à entidade e afirmou que o medo de retaliação impede que os clubes se tornem agentes deste processo, um fator que se provaria decisivo. Paulo André participou de palestra no Seminário Business FC 2013, fórum do futebol realizado em São Paulo.

Durante cerca de 30 minutos, Paulo André explicou a origem do Bom Senso FC, as reivindicações e os avanços feitos nas negociações nas últimas semanas. O quadro não é dos mais favoráveis, segundo expôs, principalmente na questão da limitação do número de partidas por temporada – a proposta é de no máximo 70 jogos. “Depois da segunda reunião com a CBF, percebemos que as mudanças aprovadas foram paliativas (30 dias de férias e maior período de pré-temporada) e que a mudança estrutural que se espera não só não foi feita, como não foi discutida da maneira como deveria”, afirmou.
O próximo passo, portanto, é pressionar a entidade a levar a sério as reivindicações. Jogadores da Série A devem fazer mais ações como a realizada recentemente, na qual os atletas se abraçaram em círculo antes do começo dos confrontos – uma manifestação que, Paulo André admitiu, foi confundida com o minuto de silêncio dedicado em memória de personalidades do esporte falecidas. Um fator que impede avanços mais rápidos é a disputa política que não deixa os clubes se posicionarem abertamente.

“Sei da dificuldade política, acho que há um mecanismo engessado dentro do futebol brasileiro e, pela maneira como ele é conduzido - do clube para a federação e depois a confederação -, há séria dificuldade de mudança, de alguém que pense diferente. Há medo sério de retaliação, algo que vem de cima pra baixo. Respeito, mas os clubes são agentes fundamentais. Quando conseguirem, em consenso, se reunirem por melhorias, não tenho dúvidas de que elas vão acontecer”, explicou Paulo André.
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Roque Júnior detona calendário do futebol brasileiro

Apenas dois clubes apoiaram o Bom Senso FC abertamente: Santos e Bahia. Na segunda-feira, o presidente do Corinthians, Mario Gobbi, emitiu nota oficial negando que esteja insatisfeito com a atuação política de Paulo André, algo que fez o jogador demonstrar alívio. Com isso, a CBF não dá indicações de que vai produzir alterações substanciais. “O que mais nos choca é descobrir quem está zelando pelo futebol”, disse, citando Rede Globo, emissora com os direitos de transmissão, mas que por questões mercadológicas apoia os times das divisões superiores.

Os clubes pequenos e seus atletas permanecem desemparados, sem contar com calendário durante toda a temporada e, assim, vivendo em condições de sub-emprego na medida em que não têm atividade constante. “Esse é nosso medo: não existe um plano. Existe plano político de manutenção de poder. Não existe plano esportivo de capacitação”, criticou o jogador, que apesar de tudo manifestou a esperança de que as ações do grupo possam sensibilizar dirigentes e clubes.

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