Senadores derrubaram nesta terça-feira o requerimento
que pedia a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar abusos de poder econômico nas eleições da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e gastos de obras da Copa do Mundo de 2014. O
pedido foi rejeitado porque nove senadores retiraram assinaturas para a
abertura da CPI, ficando abaixo do exigido pelo Senado.
O pedido de abertura da CPI foi protocolado pelo senador
Mário Couto (PSDB-PA) e contava, na semana passada, com a assinatura de
33 parlamentares – acima das 27 necessárias. A leitura do requerimento
que criava a comissão estava marcada para hoje.
Apesar de ter sido chamada de CPI da CBF, o requerimento
incluía a previsão de investigar desonerações fiscais do governo
federal para obras da Copa do Mundo, o que não era de interesse dos
governistas em um ano também com eleições presidenciais.
Retiraram as assinaturas os senadores Ivo Cassol
(PP-RO), Lobão Filho (PMDB-MA), João Alberto (PMDB-MA), Maria do Carmo
Alves (DEM-SE), Cícero Lucena (PSDB-PB), Wilder Morais (DEM-GO), Clésio
Andrade (PMDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Paulo Davim (PV-AC).
A derrubada da CPI gerou uma discussão acalorada entre o
autor do requerimento e o senador Zezé Perrella (PDT-MG), que já foi
presidente do Cruzeiro. “Sei eu que o Senador Perrela procurou alguns
Senadores para retirarem as assinaturas dos requerimentos que continham
uma formalidade legal sobre o que o povo brasileiro gostaria de saber,
que eram as corrupções que existem dentro das federações estaduais e
dentro da Confederação”, disse Couto. “Seja homem e não se envergonhe.
Vossa Excelência é amigo do cara (o presidente da CBF, José Maria Marin)
e não quer CPI aqui!”, gritou o senador tucano, apontando para
Perrella, que estava a seu lado.
Perrella, por sua vez, disse que Mário Couto queria
abrir a CPI por ter tido um problema “pontual” no seu Estado, o Pará.
“Obviamente, ele não conseguiu fazer uma CPI na Federação Paraense de
Futebol e resolveu fazer uma CPI na Confederação Brasileira de Futebol,
obviamente, para tentar arrastar a Federação Paraense de Futebol nesta
CPI”, disse.
Para o ex-dirigente, não seria bom abrir uma CPI às
vésperas da Copa do Mundo. “É preciso que o povo brasileiro entenda que,
para se fazer uma CPI, são necessárias 27 assinaturas. O Mário Couto
conseguiu 33, mas oito ou nove Senadores retiraram as assinaturas (...).
Então, há 66 que não querem CPI nesta Casa; há 66 que não querem CPI.
Segundo o Senador Mário Couto, 66 não são sérios porque não querem CPI”,
disse.
O requerimento pedia para que a comissão fosse criada
para apurar denúncias como "a compra de votos dos presidentes de
federações à reeleição de presidente da CPI; transferências irregulares
de recursos às Federações e demais desvios de verbas que culminam com a
perpetuação de vários dirigentes nos cargos; renúncias fiscais
favorecendo a entidade e sistemas de infraestrutura de cidades-sede da
Copa do Mundo", entre outras.
O pedido também afirmava ser importante apurar denúncias
de irregularidades sobre critério de divisão dos lucros do Mundial em
2014 e acordos firmados entre a CBF e redes de TV.

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