O Clube Militar divulgou uma nota na qual faz uma
análise sobre uma recente declaração emitida pelas Organizações Globo
sobre o Golpe Militar de 1964. No último sábado, o jornal O Globo
divulgou um texto no qual admite que errou ao apoiar a tomada do poder
por parte dos militares. “Não há por que não reconhecer, hoje,
explicitamente, que o apoio (ao golpe) foi um erro, assim como
equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram
desse desacerto original”, diz o texto, que pode ser lido na íntegra no site Memória, que reúne a história de O Globo.
Porém, para o grupo de militares, tal justificativa é
infundada e não passa de uma "mentira deslavada" por parte do grupo da
família Marinho. De acordo com a opinião emitida pelo Clube Militar, a
mudança de posição do grupo ocorre por causa da facilidade em se
pesquisar o conteúdo publicado em jornais da época.
"Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas
coleções das bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do
passado. Agora, porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no
trabalho, por meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi
publicado na década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos
pelo apoio irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do
governo Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era
acompanhado pela grande maioria da população e dos órgãos de imprensa",
diz a nota.
A principal crítica do clube foi em relação à colocação
do comunicado divulgado pelo O Globo, que classificou o apoio aos
militares como um "equívoco redacional”. "O apoio ao Movimento de 64
ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango;
em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas
de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário,
diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da
época", afirmou o clube.
Para os militares, a única justificativa para a revisão
de posição das Organizações Globo seria o medo de censura por parte do
governo federal. "Pressionado pelo poder político e econômico do
governo, sob a constante ameaça do “controle social da mídia” – no
jargão politicamente correto que encobre as diversas tentativas petistas
de censurar a imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que
defendeu ardorosamente ontem".
Veja na íntegra a nota divulgada pelo Clube Militar:
"Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo
acaba de denunciar seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como
justificativa para renegar sua posição de décadas, que se tratou de um
“equívoco redacional”.
Dos grandes jornais existentes à época, o único
sobrevivente carioca como mídia diária impressa é O Globo. Depositário
de artigos que relatam a história da cidade, do país e do mundo por mais
de oitenta anos, acaba de lançar um portal na Internet com todas as
edições digitalizadas, o que facilita sobremaneira a pesquisa de sua
visão da história.
Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas
coleções das bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do
passado. Agora, porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no
trabalho, por meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi
publicado na década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos
pelo apoio irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do
governo Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era
acompanhado pela grande maioria da população e dos órgãos de imprensa.
Pressionado pelo poder político e econômico do
governo, sob a constante ameaça do “controle social da mídia” – no
jargão politicamente correto que encobre as diversas tentativas petistas
de censurar a imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que
defendeu ardorosamente ontem.
Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis
foi resultado de um equívoco da redação, talvez desorientada pela
rapidez dos acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre
a situação do país.
Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao
Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da
deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada
“da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por
seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como
comprovam as edições da época; em segundo lugar, não foi, também, como
fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período
de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março
de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados
elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984, vinte anos passados,
Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página,
intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida
sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964
e nas décadas seguintes.
Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.
Equívoco, uma ova! Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do último grande jornal carioca.
Nossos pêsames aos leitores."
Nenhum comentário:
Postar um comentário